O Estado de S. Paulo
Ainda é grande a incerteza sobre o candidato da centro-direita para disputar com Lula
A quase um ano da eleição presidencial de 2026, enquanto o presidente Lula já é o nome da esquerda para o pleito, ainda é grande a incerteza entre as várias correntes políticas sobre a escolha do candidato que representará a centro-direita, em razão da complexa negociação com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Mas para o mercado financeiro, personificado nos investidores, gestores e estrategistas da Avenida Faria Lima, o cenário-base não mudou: a disputa será entre Lula e o governador paulista, Tarcísio de Freitas.
É bem verdade que, após um giro recente pela
Faria Lima, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr., ganhou prestígio
e simpatia entre investidores e empresários. E é verdade também que Tarcísio
reforçou o discurso de que irá disputar mesmo a reeleição ao governo de São
Paulo. O mercado, contudo, não comprou como verdadeiras essas declarações. No
campo da direita, há ainda como cotados à disputa o governador de Goiás,
Ronaldo Caiado; o deputado Eduardo Bolsonaro; e a ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro.
“Tarcísio é um candidato completo no sentido técnico e com histórico de execução de projetos públicos. Além disso, já mostrou capacidade de governar politicamente aqui em São Paulo”, diz um executivo que comanda uma das maiores gestoras de recursos do País. “Se Tarcísio é o 100, o Ratinho é 90. Fez ótimo governo no Paraná. Qual o desafio dele? Seu conselheiro econômico não é dos melhores: Paulo Rabello de Castro tem uma visão econômica intervencionista antiga.”
Para um renomado estrategista de ações de um
banco estrangeiro, fora Tarcísio e Ratinho Jr., os outros nomes cogitados para
encabeçar a chapa da centro-direita são “bem sofríveis”. Na visão desse
estrategista, Tarcísio é o mais competitivo numa disputa contra Lula. “Além de
sinalizar uma política econômica com responsabilidade fiscal, a experiência de
Tarcísio como ministro da Infraestrutura será muito útil”, diz. “Como
governador, ele soube montar uma equipe competente.”
Qual o melhor momento para o anúncio oficial
dessa candidatura? Um gestor de recursos diz que há um difícil equilíbrio nesse
“timing”: se anunciar logo, esse nome pode “tomar pedrada” antes da hora. Se
demorar muito, perderá um tempo precioso para planejar seu palanque, costurando
apoio em Estados e municípios.
Muitos executivos dizem que um anúncio
deveria acontecer até o fim do ano, pois, após a virada, pouca coisa de impacto
acontece antes do Carnaval. E ponderam: como deixar Lula “nadando de braçada”, sozinho,
por tanto tempo?
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