Folha de S. Paulo
Lula junta o candidato ao presidente em
flagrante uso da máquina pública e abuso de poder político
A oposição, cujos governadores também atuam
no modo eleitoral, prefere fingir que não vê
O PT não poderá
reclamar quando a oposição iniciar a campanha
eleitoral fora do prazo legal, a começar em meados de 2026;
tampouco terá moral para denunciar governadores que usem a máquina pública para
incensar a si ou a seus candidatos.
Seguros disso, os adversários do presidente Lula (PT) aderem ao imenso faz de conta que toma conta do país. Todo mundo fingindo que não vê as reiteradas infrações cometidas pelo incumbente em busca da reeleição.
A Justiça, sabemos, só age se provocada e,
como vemos, não há interessados em provocá-la a cobrar do presidente da
República respeito aos preceitos constitucionais de probidade e impessoalidade
exigidos da administração pública e observância à regra de igualdade de
condições entre concorrentes em eleições.
Lula está livre, leve e
soltíssimo, comportando-se como se não existissem normas legais para
assegurar paridades e preservar o aparelho de Estado do uso abusivo dos
locatários da ocasião. A oposição não aponta isso porque não lhe interessa ser
alvo do mesmo tiro adiante, quando precisar também recorrer à burla.
O estratagema é muito comum, funciona como
acordo tácito entre os grandes partidos, que, em caso de necessidade, usam
legendas nanicas aliadas para fazer o serviço. Antes do período permitido são
proibidas alusões ao pleito. Pois é justamente o que faz o presidente Lula,
referindo-se o tempo todo à disputa,
apresentando-se desde já como vencedor e convocando o eleitorado a derrotar os
oponentes sejam eles quais forem.
Uma das regras do instituto da reeleição, que
permitiu aos chefes dos Executivos concorrerem no cargo sem a necessidade da
desincompatibilização exigida em outros casos, é justamente a separação das
atividades do candidato de sua condição de governante.
Mas o veto à junção das duas criaturas só
vale a partir do início oficial da campanha. Antes disso, fica a critério do
senso de decoro de cada um ultrapassar ou não os limites entre o uso de
prerrogativas legítimas e o abuso de poder.
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