À perplexidade e
ao medo, seguiram-se abundantes e polêmicas avaliações do evento. Na opinião
pública, medida pelas pesquisas, cerca de 65% apoiaram a operação policial. No
mundo da política, o governador do Rio, Claudio Castro, caracterizou como um sucesso
extremo. Já o presidente Lula cravou que a operação foi desastrosa e uma
matança.
O mais
importante, entretanto, é a realidade nua e crua, o cotidiano das pessoas
afetadas indiretamente e, principalmente, do enorme percentual de cidadãos
residentes nas periferias das grandes cidades escravizado pelo crime organizado.
O Rio ganha sempre destaque. No entanto, cidades como Salvador, Fortaleza,
Recife, entre outras, têm indicadores de criminalidade muito mais graves do que
o Rio.
Não sou
especialista. Neste sentido, procurei ouvir quem entende do riscado e é uma das
maiores e mais respeitadas cabeças na área, o ex-ministro da Defesa e da
Segurança Pública, Raul Jungmann.
Num resume
pobre, em função do espaço do artigo, vão algumas das opiniões de Jungmann na
LIVE que participei. Se não resolvermos o problema do sistema prisional e seu
controle pelas facções, não há solução sólida. Continuarão a ser polo
articulador do crime organizado e seu ponto de recrutamento de mão de obra.
Segundo, não adianta expulsar momentaneamente as facções de seu território e
não ocupar (com polícia e políticas públicas). Se formos hoje no Alemão e na
Penha provavelmente estará tudo como dantes no quartel de Abrantes, com o CV
pleno em seu domínio. Terceiro, não contem com as Forças Armadas para as ações
repressivas. Seu papel e vocação são outros, são treinados para a guerra
convencional, para matar, não para ações de segurança pública, em ambiente
urbano. Consequentemente, há que se qualificar e fortalecer as forças policiais
estaduais (civil e militar). Quarto, ações de inteligência procurando matar a
economia do crime organizado e a entrada de armas e drogas no país são
essenciais. Por último, e mais importante, implantar o SUSP (Sistema Único de
Segurança Pública) – que ele como ministro criou – com a integração de
governos, instituições e sociedade, num esforço comum para derrotar as facções
criminosas.
Não há saídas fáceis para problemas complexos. Oxalá a atual discussão do projeto de lei das facções criminosas e os trabalhos da CPI do Crime Organizado não se transformem em palco de disputas menores e demagógicas. E provoquem a coesão e os consensos necessários em torno tão grande desafio.

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