"Quem é ateu e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar"
— Caetano Veloso, Milagres do Povo
Há coisas que, à primeira vista, não deveriam
coexistir. Marxista e crente. Materialista histórico e pessoa de fé. Militante
comunista desde os 14 anos e alguém que sempre acreditou que o mundo guarda
mistérios que escapam ao olhar. O mundo esperava, às vezes exigia que eu
escolhesse um lado. Ateu, agnóstico, no mínimo um antirreligioso. Era o roteiro
esperado de quem carregava Marx no peito desde tão cedo. Mas a vida não lê
roteiros.
Cresci em uma família kardecista, uma das mais antigas a professar essa fé em Pernambuco. Fui criado também pela mão firme e doce de uma incrível mulher da umbanda. Essas presenças não eram ornamentos da infância, eram universos. Eram modos de sentir, de intuir, de perceber que existe algo além do que as estruturas materiais conseguem me explicar. Não contra elas. Mas além. Um pouco além. Muito mais além.



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