sexta-feira, 21 de novembro de 2025

No Congresso, Lula x Tarcísio já começou, por Raquel Landim

O Estado de S. Paulo

Se Derrite saiu vitorioso, ponto para Tarcísio também, que poderá apresentar como seu o marco legal

A direita ainda espera o aval de Jair Bolsonaro para seu candidato para 2026, mas no Congresso já tivemos uma prévia da disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Tarcísio de Freitas.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, deu início ao confronto ao escolher o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o PL Antifacção.

A despeito de ter experiência na área, ele é também secretário de segurança pública de São Paulo e sua indicação foi vista pelo PT como uma operação política para tirar a autoria do projeto do colo do presidente e jogar no do governador de São Paulo. O governo fez o que pode, apontando os erros do projeto como o enfraquecimento da Polícia Federal e da Receita.

Derrite não se importou de ir admitindo os recuos e apresentou nada menos que seis versões do projeto.

Na hora da votação, saiu vitorioso: foram 370 votos a favor e 110 contra. E se Derrite sai vitorioso, ponto também para Tarcísio, que, caso venha a se candidatar, poderá apresentar como seu o marco legal de combate ao crime organizado criado pelo seu secretário de segurança pública.

O PT preferiu votar contra, mesmo com todos os partidos do centrão, que fazem parte do seu governo, votando a favor.

Ficou praticamente isolado, ao lado apenas do PSOL e do PCdoB. Nos corredores da Câmara, ninguém entendeu.

O partido queria denunciar o embute, as intenções antes das modificações aceitas por Derrite. “A quem interessa enfraquecer a Polícia Federal?”, questionam os petistas.

No Senado, o partido quer tentar recuperar a autoria do PL e levá-lo de volta para as mãos de Lula.

CEMITÉRIO. A bancada da bala está preocupada. Nos bastidores diz que o Senado se transformou no cemitério de projetos da Câmara.

Só que, dessa vez, o clima não é favorável para o governo por lá.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, está insatisfeito com Lula, porque teve seu candidato ao Supremo Tribunal Federal preterido.

Talvez, pelos motivos errados, fez a coisa certa.

Indicou como o relator o senador Alessandro Vieira – um técnico. Que agora vai deixar a política de lado e se debruçar apenas na segurança pública, que, afinal, é o que realmente interessa.

Na úl t i ma quarta- f e i r a , Lula disse que o PL Antifacção enfraquece o combate ao crime. Para não entregalo ao rival Tarcísio, o presidente teria coragem de vetá-lo?

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