Estratégia foi adotada pela campanha para rebater críticas de que ele é um
veterano
Bruno Boghossian
“Inovação é o nome da nossa gestão”, disse o ex-governador José Serra (PSDB)
em conversa com líderes comunitários da Lapa, zona oeste da capital, na
quinta-feira. Na disputa pela Prefeitura, o tucano vai se apresentar como um
administrador moderno para fazer frente às críticas dos adversários, que tentam
lhe impor a imagem de político antigo. Aliados apontam o caminho: querem que
Serra enfatize um discurso pautado por propostas de gestão eficiente, redução
da burocracia e informatização de serviços públicos. Sua equipe teme que o
pré-candidato, mergulhado na vida pública há quase 50 anos e conhecido por 99%
da população, pareça um político sem novas ideias ao lado dos “iniciantes”
Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB). A marca de inovador será um dos
motes da fala de Serra na propaganda do PSDB paulista na TV, que vai ao ar a
partir de sexta-feira. O tucano gravou sua participação anteontem. O antídoto
também começou a ser aplicado nas conversas do candidato com os cidadãos. Ao
defender seu legado à frente da Prefeitura e do governo do Estado, Serra tem
destacado projetos que conside-ra ousados – como a expansão da Marginal do
Tietê – e marcas criadas por ele – como a Virada Cultural. “Modéstia à parte,
se vocês olharem o que a gente fez, a quantidade de inovação é imensa – e vamos
continuar nessa direção”, disse aos eleitores.
Reação. A estratégia é uma reação do PSDB a provocações feitas pela cúpula
petista desde a entrada de Serra na disputa. No mês passado, aliados do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relataram que ele chamou o tucano de
“um político de ontem com ideias de anteontem”. Aos 70 anos, Serra vai ser o
candidato mais velho entre os principais postulantes à Prefeitura. Mas, para os
tucanos, isso não será um problema. “Os outros candidatos podem ser jovens, mas
são mais velhos em suas práticas e propostas”, diz Walter Feldman, que trabalha
na campanha do ex-governador.
DEM. O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, afirmou ontem,
em São Bernar-do do Campo (SP), que seu partido está “muito próximo” de fechar
aliança com o DEM na eleição de Salvador. O PSDB estuda lançar o deputado
Antonio Imbassahy na capital baiana, mas dá sinais de que desistirá do projeto para
apoiar o democrata ACM Neto, que confirmou ontem que disputará a prefeitura
este ano. “Nosso partido e o Democratas estão conversando intensamente lá. O
(ACM) Neto é uma liderança do DEM e da oposição. Para nós, é indispensável,
sobretudo na Bahia”, disse Guerra. Imbassahy resiste a se retirar da disputa,
mas, para o PSDB, o acordo em Salvador é visto como um passo para a
formalização do apoio do DEM a Serra. “Acho que vai haver um entendimento, mas
não me aventuro a dizer qual será”, disse Guerra.
Tucano entra com processo contra autor de ‘Privataria’
No fim do mês passado, o ex-governador e pré-candidato tucano à prefeitura
de SP, José Serra, entrou com ação judicial contra o jornalista Amaury Ribeiro
Jr. e a Geração Editorial, responsáveis pela publicação do livro A Privataria
Tucana, que aponta supostos casos de desvios de recursos durante gestão na
Presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Serra, que foi ministro do
Planejamento naquele período, se diz vítima de falsas acusações. “Espero que
ele seja punido”, disse ontem o tucano. O advogado do ex-governador, Ricardo
Penteado, pede para seu cliente uma indenização por dano moral calculada a
partir do volume de vendas do livro. Durante a campanha de 2010, Amaury foi
indiciado por envolvimento na quebra do sigilo fiscal de parentes de Serra e
pessoas ligadas ao PSDB. A reportagem não conseguiu localizar o jornalista para
comentar a ação.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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