O Datafolha brindou Dilma com duas excelentes notícias: sua popularidade
bate recordes, mas o eleitor quer Lula em 2014.
O motivo de comemoração pela aprovação de 64% é óbvio: nunca antes na
história do Datafolha um presidente chegou a tanto nessa mesma fase de governo.
Já a festa porque a maioria (57%) prefere Lula em 2014 a ela (32%) não tem nada
de óbvia, mas talvez seja até mais importante: além de governar, de ser
obrigada a demitir uma penca de ministros herdados e de ter de conviver com uma
CPI, Dilma tem que administrar um dado político fundamental -o ego do padrinho.
A pesquisa ajuda a acalmar a ansiedade e a espantar os fantasmas de Lula,
que, nas conversas com aliados, não para de reclamar da imprensa, da oposição e
da "elite". Quanto mais Dilma acerta e cresce, mais ele alimenta a
paranoia de que tentam "desconstruir a sua imagem".
Lula está absolutamente convencido de que foi o melhor presidente da
história da humanidade, mas os adversários (entre os quais inclui a imprensa)
não reconhecem. Insistem em dizer que o mensalão existiu, que ele impôs
ministros que Dilma teve de defenestrar e que seu governo foi marcado por uma
alegre convivência com fichas-sujas e oligarcas.
Ele não suporta ver a sua criatura se tornando mais admirada do que o
criador. Sente-se injustiçado, senão perseguido, e reage com mágoa e rancor.
Seu apoio à CPI é resultado desse sentimento: "doa a quem doer", ou
seja, "doa ou não em Dilma".
O Datafolha é um bálsamo para as dores de Lula, que agora pode vangloriar-se
pela escolha de Dilma como sucessora e continuar sentindo-se o
"mais", o "melhor", o "mais amado", o "candidato
dos sonhos".
Bálsamo para Lula, alívio para Dilma, que é cheia de dedos com Lula,
ouvindo-o, reverenciando-o, mantendo-o no pedestal.
O resto é questão de tempo: até 2014, o "volta Lula" deve
lentamente deslizar para o "fica Dilma".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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