“As coisas humanas andam, e o seu andamento
sinaliza, para o governo Dilma, o que talvez fosse ainda pouco visível para o
seu antecessor: o presidencialismo de coalizão, na forma como vem sendo
praticado, converteu-se numa política de alto risco para a democracia
brasileira. O presidencialismo de coalizão, decerto, tem-se mostrado, entre
nós, como uma via institucional adequada a fim de afiançar governabilidade,
especialmente após a experiência frustrada do governo Collor, que se pretendeu
pôr acima dos partidos. Mas a reiteração acrítica da sua prática, em particular
no segundo mandato de Lula e na articulação da composição ministerial do
governo Dilma, cuja montagem original não resistiu sequer a poucos meses de
operação, não deixa mais dúvidas quanto à necessidade da revisão do seu modo de
operação. O affaire Demóstenes-Cachoeira, com a CPI "do fim do mundo"
ou sem ela, bem que pode ser a gota d"água.”
WERNECK VIANNA, Luiz, professor-pesquisador da PUC-Rio.
O Cachoeira e a gota d'água, em O Estado
de S. Paulo, 22/4/2012
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