Artistas como Djavan,
Taís Araújo, Regina Casé, Lázaro Ramos e Milton Gonçalves estão na lista de
convidados para a solenidade em que o ministro Joaquim Barbosa assumirá a
presidência do STF, na quinta-feira. São esperadas mais de 2,5 mil pessoas na
cerimônia.
Festa para Barbosa
Novo presidente do STF assume o cargo em um momento no qual a Corte ganhou
destaque por condenar políticos corruptos. Lista da cerimônia chega a 2,5 mil
convidados, entre autoridades e celebridades
Diego Abreu, Anna Beatriz Lisbôa
Na quinta-feira, Brasília será palco da posse de Joaquim Barbosa, que se
tornará o primeiro ministro negro a presidir o Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de toda a tradição e do protocolo que envolvem a solenidade, haverá uma
extensa lista de convidados, que inclui, além de representantes e chefes dos
demais poderes, celebridades como os atores Milton Gonçalves, Regina Casé, Taís
Araújo e Lázaro Ramos, o cantor Djavan e o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson
Piquet. Também haverá amigos de infância e até antigos chefes de Barbosa, caso
de Mário César Pinheiro Maia, ex-controlador de produção da Gráfica do Senado.
O ministro assumirá o posto de chefe do Poder Judiciário em meio à popularidade
alcançada pela forma implacável como conduz o julgamento do mensalão, do qual é
relator.
À medida que a posse se aproxima, novos nomes chegam ao cerimonial do
Supremo para que sejam incluídos na lista de convidados. Confirmaram presença
mais de 100 amigos estrangeiros, que o ministro fez questão de convidar. Haverá
delegações de alemães, franceses, britânicos, norte-americanos e africanos.
Também estão confirmados a presidente Dilma Rousseff, os presidentes do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS), além dos governadores
do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Minas Gerais, Antonio Anastasia
(PSDB).
Marcada para a tarde de quinta-feira, a solenidade no plenário do STF será
seguida por um coquetel, em uma casa de festas no Setor de Clubes Sul. A
comemoração, com música ao vivo e um refinado bufê, que inclui vinho e uísque,
está orçada em pelo menos R$ 120 mil, podendo chegar à cifra de R$ 150 mil. Os
custos vão ser divididos por três entidades representantes da magistratura: as
associações dos Magistrados Brasileiros (AMB), dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe) e dos Magistrados do Trabalho (Anamatra). A organização pediu a Joaquim
uma relação das músicas de preferência dele para que possam ser executadas na
cerimônia.
Cerca de 2,5 mil pessoas foram convidadas, e a expectativa do cerimonial do
STF é de que mais de mil estejam presentes à cerimônia no Supremo, às 15h, e à
recepção, marcada para as 20h. Só para autoridades, foram enviados mais de 900
convites, conforme é praxe em posses no Supremo. Diferentemente de solenidades
anteriores, que ocorreram às 16h, esta começará uma hora antes, em função de
cuidados com a saúde de Joaquim Barbosa, que sofre de um problema crônico no
quadril. Como ele não consegue ficar muito tempo em pé, uma novidade foi
preparada para o novo presidente: ele receberá os cumprimentos somente à noite
— o ministro pretende descansar no intervalo de até duas horas entre a posse e
o coquetel.
No Supremo, Joaquim será saudado apenas pelas principais autoridades, como
Dilma e os governadores presentes, e por colegas ministros e familiares. Ele
escolheu Luiz Fux para fazer o discurso em nome do STF, conforme o critério
segundo o qual os presidentes que tomam posse são livres para indicar o colega
responsável pelo pronunciamento. A admiração que Barbosa conquistou perante a
sociedade gerou uma certa apreensão ao cerimonial do STF, que promete fazer um
rígido controle da entrada de convidados.
Ponta-esquerda. Um rapaz dedicado aos estudos e um ponta-esquerda que não levava desaforo para
casa no futebol. É dessa forma que Mário César Pinheiro Maia, 62 anos, se
lembra do ministro Joaquim Barbosa. O aposentado foi controlador de produção da
Gráfica do Senado e chefe de Barbosa em um de seus primeiro empregos, como
digitador, e é um dos convidados para a solenidade de posse do ministro.
Maia lembra que Barbosa — ou Quincas, como era conhecido entre os colegas —
começou a trabalhar na gráfica em 1973, quando tinha 19 anos, e saiu da lá dois
anos depois, quando passou em um concurso para o Itamaraty. "Joaquim fazia
parte de um grupo de cinco digitadores que eram os melhores da equipe. Eles
concorriam para ver quem batia mais e sem erros", recorda Maia.
Barbosa cursava direito na Universidade de Brasília (UnB) durante o dia e
trabalhava na gráfica das 18h às 4h. Maia ressalta que muitas vezes o ministro
ia direto do trabalho para a universidade e chegava a dormir na câmara escura
das máquinas de fotocomposição. Nascido em Paracatu (MG), Barbosa morava na
casa de um tio no Gama, à época. "Além da produção diária, se não houvesse
nada urgente, ele aproveitava o tempo para estudar."
A dedicação aos estudos não impedia o ministro de participar do campeonato
interno de futebol da gráfica nos fins de semana. Centroavante e técnico da
equipe, Maia conta que, em campo, Barbosa mostrava o temperamento forte que
ainda caracteriza sua atuação no STF. As discussões em campo lhe renderam o
apelido de Berro. "Eu brigava para ele soltar a bola. Ele gostava de
driblar, tipo o Neymar."
Orgulhoso, Maia conta que gravou todas as sessões do mensalão para assistir
ao ex-companheiro de trabalho. "O que vemos no Supremo é o mesmo Joaquim
que entrou na gráfica. Ele já tinha isso de expor e defender os pontos de vista
dele", ressalta. Apesar da fama de intempestivo, Maia acredita que Barbosa
surpreenderá como presidente do STF. "O Joaquim tem a posição firme, mas
isso não significa que ele não seja aberto ao diálogo."
Colaborou Juliana Braga
Fonte: Correio Braziliense
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