Miriam Belchior, do
Planejamento, minimizou adiamentos de prazo; desembolso do governo em projetos
caiu em 2012
A ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, disse que atraso em obras "é regra do
jogo", ao apresentar o balanço do PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento), pelo qual é responsável. Entre 2010 e 2012, o PAC cumpriu 40% dos
gastos programados até 2014.
Grandes obras do
programa têm mais de dois anos de atraso. Refinarias da Petro-bras em
Pernambuco (64% de execução) e no Rio (41%) tinham previsão de conclusão em
2010. Segundo a ministra, é preciso considerar o período previsto de obra para
mensurar o atraso.
O desembolso para
projetos financiados pela União caiu de 54,6% nos dez primeiros meses de 2011
para 41,9%, no período equivalente de 2012, mesmo com a manobra contábil de
passar a considerar investimentos os subsídios do Minha Casa, Minha Vida
Atraso em obras é
"regra do jogo", diz ministra que gerencia o PAC
Miriam Belchior minimiza adiamentos de prazo ao explicar critérios de
classificação de projetos
Declaração ocorre poucos dias após ministro da Justiça dizer que preferiria
a morte a ir para a prisão
Dimmi Amora, Gustavo Patu
BRASÍLIA - Atraso em obras "é regra do jogo", disse a ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, em apresentação de balanço do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
A ministra é a responsável pelo programa carro-chefe do governo em termos de
obras públicas. Entre 2010 e 2012, o PAC cumpriu 40% dos gastos programados até
2014 e tem grandes projetos, como refinarias, ferrovias, canais de irrigação e
estradas, com mais de dois anos de atraso.
A declaração da ministra ocorreu poucos dias depois de o ministro José
Eduardo Cardozo (Justiça) também ter tratado com franqueza um tema de sua
responsabilidade, as prisões. Cardozo chamou carceragens brasileiras de
medievais e disse que preferia morrer a cumprir uma pena longa em algumas
prisões.
A frase de Belchior foi dita quando explicava o critério de classificação
das obras do PAC no balanço. Um grupo de obras consideradas mais importantes
para o governo recebe no balanço carimbos de "adequado" (verde), "em
atenção" (amarelo) ou "preocupante" (vermelho).
Todas as vezes em que essas obras monitoradas atrasam, o governo reajusta o
prazo delas nos balanços, alongando a previsão de encerramento. Quando faz a
mudança, ele também muda a classificação, colocando-a, muitas vezes, como
adequada.
"Os quadros "atenção" e "preocupante", para nós,
significam o risco que essa obra tem para ter continuidade necessária. Se eu
colocar cada dia de atraso, tudo teria que ser vermelho", disse.
"Então atraso é da regra do jogo, e, como você [repórter] mesmo
salientou, a gente discutiu isso aqui no último balanço e o tamanho dele tem se
verificado proporcionalmente ao período previsto de obra. Então, o que
colocamos é a criticidade."
Trem-Bala
Caso emblemático das mudanças é o trem-bala. Os balanços do PAC 1 apontavam
que a licitação seria concluída em 2010. A concorrência não tem sequer edital
-a previsão é que seja publicado no dia 26- e o governo mantém o sinal de
adequado na obra.
O mesmo ocorre com as refinarias da Petrobras em Pernambuco e no Rio. Ambas
estavam com previsão de conclusão em 2010. A refinaria no Nordeste tem 64% de
execução, e a do Rio, 41%.
Mas esses números nem podem ser considerados firmes. No caso da Ferrovia
Norte-Sul, o trecho entre Uruaçu e Anápolis (GO) aparecia no balanço do PAC
anterior com 99% de conclusão. No atual balanço, aparece com 87%.
Fonte: Folha de S. Paulo
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