Prazo interno do novo partido para coletar 500 mil assinaturas termina no sábado e apoiadores encontram dificuldades para validar as fichas coletadas. Amanhã, STF analisa liminar sobre projeto de novas siglas
André Pires
Terceira colocada na eleição presidencial de 2010 com quase 20% dos votos válidos, a ex-senadora Marina Silva vive uma semana decisiva para sua candidatura presidencial em 2014. Encabeçando a criação do partido Rede Sustentabilidade, a acreana vê seus apoiadores correrem contra o tempo para coletar 500 mil assinaturas para entregar ao Tribunal Superior Eleitoralem setembro. Como prazo interno definido para o dia 15 de junho, próximo sábado, o partido soma atualmente 470 mil assinaturas. O problema não é alcançar as 30 mil que faltam, a grande dificuldade é que nem todas serão validadas pelos cartórios eleitorais. Isso porque muitos não atualizam seus dados nos cartórios.
"A dificuldade não está sendo o ato da coleta, nossa dificuldade está sendo na validação. Muitos deixam de atualizar seus dados na justiça eleitoral, como endereços, assinaturas ou até mesmo o nome após casar. Estamos tendo uma perda estimada de 30% na validação", explica Ícaro Argolo, da Comissão Nacional Provisória (BA).
Por este motivo, os "mobiliza-dores", denominação dada aos integrantes que coletam assinaturas nas ruas, preparam uma série de mutirões pelo Brasil inteiro esta semana. Na porta de shows, nas universidades e em locais com grande presença de público eles vão trabalhar intensamente. Entre os grandes líderes da criação estão filiados ao PV, Psol e PT. Mas tem jovens que nunca integraram um partido político e que tem uma história de movimentos sociais.
"Os adversários diriam que é um saco de gatos, nós diríamos que é um partido plural. Tem para todo gosto. Eu sou daqueles que procura uma postura de diálogo, dentro de um posicionamento de centro esquerda e libertário", afirma o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).
Apesar de uma trajetória partidária divergente, os integrantes do futuro partido convergem em alguns pontos, como a questão ambiental e de busca pela democratização da discussão política.
"Eu diria que tem um núcleo predominante com a preocupação na sustentabilidade sócio-ambiental e na democratização do espaço público pela participação popular", explica o vereador Jefferson Moura (Psol-RJ).
Neste processo de nascimento da Rede Sustentabilidade, o partido tem sofrido com o estabelecimento de novos obstáculos por políticos insatisfeitos com seu surgimento. A Câmara votou com urgência um projeto que impediria a transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos deputados que trocam de partido durante a legislatura, atingindo diretamente a nova sigla. Uma liminar do Superior Tribunal Federal derrubou a votação pelo Senado. No entanto, ela será julgada amanhã e a expectativa é que seja derrubada.
"Acho que tem uma chance de cair a liminar, mas no mérito devemos ganhar. Se o projeto for aprovado, ele deve ser considerado inconstitucional", analisa Sirkis.
A manobra irritou os mobilizadores, que consideram uma tentativa de acabar com a candidatura de Marina Silva, possível ameaça à reeleição de Dilma Rousseff (PT). "Eu vejo a tentativa de manutenção do poder a qualquer preço. É um grande risco a política atual, de quase um partido único. É uma ditadura indireta", critica Gisele Uequed, candidata a prefeita de Canoas (RS), em 2012, e a deputada federal, em 2010.
Na ansiedade pela obtenção das assinaturas e da aprovação do novo partido, os apoiadores evitam debater possíveis candidatos em 2014, uma vez que consideram ruim antecipar a disputa política. Entretanto, todos reconhecem que o nome de Marina Silva na disputa presidencial é inevitável.
"É uma discussão que estamos deixando para depois. Nosso foco é conseguir as assinaturas. Temos várias possibilidades entre as pessoas que estão criando. Alguns já foram candidatos por outros partidos e não se elegeram. Estamos estimulando candidaturas novas, uma juventude", destaca Mirian Prochnow, da Comissão Nacional Provisória (SC).
Resta saber se a ex-senadora não encontrará novos obstáculos.
Fonte: Brasil Econômico
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