Por Cristiane Agostine
SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência e presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) disse, em entrevista ao jornal argentino "La Nacion", que é preciso revisar o Mercosul. O senador colocou em xeque o bloco econômico e disse ter dúvidas se a união aduaneira é o melhor caminho para os países da América do Sul.
"Estamos muito preocupados com o que acontece hoje no Mercosul, que está muito engessado. Duvidamos se a união aduaneira é ainda o melhor caminho", disse Aécio, na entrevista. "Não devemos perder as alianças comerciais do Brasil com a Argentina, mas temos que transformar o Mercosul em uma área de livre comércio, que permita a cada Estado associado firmar acordos comerciais com outros países".
Para Aécio, o Mercosul não tem beneficiado nem o Brasil nem a Argentina. "Temos que ter coragem de repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico, constituída pelo México, Colômbia, Peru e Chile é um exemplo de dinamismo".
Na mesma linha que o senador, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, disse que o Mercosul é uma "armadilha" e que "tem gerado mais prejuízos do que benefícios" ao Brasil. "Todas as decisões no Mercosul precisam ser por unanimidade. Aqui é "tudo ou nada" e nos últimos anos só tem sido o "nada"", afirmou.
Para Castro, o bloco funcionaria melhor se fosse de livre comércio e não união aduaneira. O dirigente disse que é preciso abrir espaço para os acordos bilaterais e criticou o caráter político do Mercosul. "É mais ideológico do que comercial".
O presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Alberto Alzueta, também defendeu acordos bilaterais no Mercosul. "Precisamos permiti-los e potencializá-los. Temos que repensar o bloco para ampliar as formas de negociação", disse. Alzueta reforçou que é preciso "despolitizar" o Mercosul, mas defendeu o bloco. "O Mercosul tem muitos problemas, mas é um patrimônio muito forte, conquistado durante 20 anos".
Na entrevista ao "La Nacion", Aécio falou, além de comércio exterior, sobre sua pré-candidatura e sinalizou que deve usar a bandeira da ética em 2014. Segundo o tucano, a "pior herança" deixada pelo PT foi o "padrão ético extremamente baixo".
O tucano afirmou que, nos últimos anos, a corrupção se expandiu e que há hoje uma "condescendência do governo com os atos de corrupção". " O Brasil precisa se reconciliar com valores que foram se perdendo ao longo dos últimos dez anos".
Fonte: Valor Econômico
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