Tainara Machado - Valor Econômico
SÃO PAULO - A estagnação da geração de novas vagas e o baixo dinamismo da população economicamente ativa (PEA), características que marcaram o desempenho do mercado de trabalho ao longo de 2014, seguiram presentes em setembro, quando a taxa de desemprego deve ter registrado pequeno aumento em relação a agosto, na avaliação de economistas ouvidos peloValor.
A média de 20 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data indica que a desocupação nas seis principais regiões metropolitanas subiu de 5,0% em agosto para 5,1% no mês passado. Se confirmadas as estimativas, o percentual de desempregados em relação à PEA será menor do que em igual período de 2013, quando ficou em 5,4%. As projeções para a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de 4,9% a 5,3%.
Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria Integrada, projeta taxa de desemprego de 5,3% em setembro, avanço um pouco maior do que o esperado pela média dos analistas consultados pelo Valor Data. O economista afirma que sua projeção inclui uma pequena queda da população economicamente ativa, de 0,1%, na comparação com setembro do ano passado, quando a desocupação foi de 5,4%, o que explica a leve redução da taxa em relação a igual mês do ano passado.
Na comparação mensal, porém, Bacciotti espera alta do desemprego, de 5% para 5,3%, por causa da expectativa de aumento do número de pessoas em idade ativa que voltaram a procurar emprego. Em sua avaliação, entre agosto e setembro, a população economicamente ativa aumentou 0,2%, dando continuidade ao movimento já observado no mês anterior, quando subiu 0,8% em relação a julho.
Segundo Bacciotti, está começando a haver um retorno da busca por emprego por aqueles que estavam fora do mercado de trabalho. Para ele, as pessoas estão encontrando dificuldade em achar uma ocupação em função da confiança em queda e do baixo dinamismo da atividade doméstica. "A geração de vagas tem sido afetada de maneira disseminada, ainda que mais concentrada na indústria", diz, o que acaba resultado em pequeno aumento do desemprego.
De acordo com ajuste sazonal realizado pela Tendências, desde abril há uma leve tendência de deterioração do mercado de trabalho. Naquele mês, o desemprego era de 4,6%, taxa que subiu para 5% em agosto e deve ficar em 5,2% em setembro, permanecendo nesse patamar até o fim do ano.
Para Mariana Hauer, economista do Banco ABC Brasil, o mercado de trabalho está estagnado, mas ainda não dá sinais mais concretos de deterioração. A taxa de desemprego deve seguir em 5% em setembro, repetindo a desocupação observada em agosto. Na série com ajuste sazonal do banco, o desemprego também deve ter se mantido em 5% nesta comparação.
"A economia está estagnada e, com o cenário de incerteza que tem predominado, as empresas parecem estar evitando demitir e contratar", afirma Mariana. Para a economista, é possível que a partir da definição do cenário eleitoral, a atividade tenha alguma recuperação um pouco mais acentuada, mas apenas a partir de 2015 as empresas devem decidir se alteram ou não sua folha de pagamentos, a partir das definições para o próximo mandato presidencial.
A economista do ABC Brasil projeta que, na média, a taxa de desocupação fique em 4,9% em 2014, o que representa queda de 0,5 ponto percentual em relação a 2013, quando o desemprego foi de 5,4%.
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