• Tesoureiro do PT é acusado de cobrar propina em negócios com fundos de pensão para rechear caixa dois de campanhas
Cleide Carvalho – O Globo
SÃO PAULO - O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa não foram os primeiros a utilizar a delação premiada para acusar o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de arrecadar propina para o partido. Identificado como um dos operadores do mensalão e apontado como doleiro pela Procuradoria Geral da República, o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro acusou Vaccari de cobrar propina em operações com fundos de pensão em pelo menos duas ocasiões, na CPI dos Correios (2006) e das ONGs (2010). Em depoimento ao MPF, afirmou que o tesoureiro do PT chegava a cobrar propina de 12% em negócios que serviam para rechear o caixa dois de campanhas políticas.
Em depoimento à CPI das ONGs, em 2010, o operador financeiro Lúcio Funaro sugeriu que fossem investigados negócios da Itaipu Binacional e do fundo de pensão da empresa, o Fibra, que poderiam estar relacionados ao tesoureiro do PT. Ele assumiu o conselho da empresa em 2003. Na época, Funaro afirmou que Vaccari tinha relacionamento "umbilical" com o grupo Schahin, que mantém mais de US$ 10 bilhões em contratos com a Petrobras.
O Grupo Schahin também tem negócios em Foz do Iguaçu. A Itaipu Binacional cedeu terreno e projetos (arquitetônico e estrutural) para que fosse erguida a Universidade Latino Americana. A obra atrasou, e o consórcio Mendes Junior/Schahin paralisou as atividades e informou que o contrato tem desequilíbrio financeiro. O contrato foi fechado por R$ 241 milhões e recebeu aditivos de R$ 13,9 milhões. O TCU chegou à conclusão que a falha estava no projeto feito por Itaipu.
Segundo Paulo Roberto Costa, Vaccari é o operador do esquema de propinas na diretoria de Serviços da Petrobras, com comissão de 3%. Para o MPF, apenas as informações de Youssef, que distribuía o dinheiro, podem esclarecer quem recebia e como ia para o caixa dois do PT. Funaro afirmou que Vaccari operava com dinheiro vivo, o que torna mais difícil a investigação.
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