• Planalto aposta que Cunha esperará por veredito do STF antes de decidir sobre impeachment
Valdo Cruz, Marina Dias, Gustavo Uribe e Ranier Bragon – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo Dilma Rousseff considera, no cenário mais otimista, ter ganhado fôlego até novembro antes que um pedido de impeachment chegue à análise da Câmara.
A avaliação foi feita depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido suspender o rito criado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tramitação de processos para afastar Dilma do cargo.
No mínimo, o Planalto calcula ter uma semana para tentar reorganizar sua base aliada e sustar as ofensivas.
Reservadamente, ministros dizem que Cunha pode deixar para novembro qualquer decisão sobre o tema, até que o plenário do STF decida em caráter definitivo sobre os recursos impetrados por deputados governistas.
Até lá, o Planalto tentará ter uma convivência "civilizada" com o peemedebista –na segunda (12), o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) se reuniu a sós com Cunha. Segundo interlocutores, a intenção era garantir ao menos um canal mínimo de diálogo.
A princípio, o governo chegou a celebrar por apostar que o STF, ao suspender o rito criado por Cunha, havia enterrado qualquer chance de impeachment neste ano.
No início da tarde, porém, a postura mudou. Depois de consultas aos ministros que tomaram as decisões, Teori Zavascki e Rosa Weber, o governo reconheceu que Cunha continua com o direito de acolher, sozinho, algum pedido de impeachment. Mesmo assim, o Planalto avalia que isso dificultará a vida do peemedebista e da oposição por entender que qualquer nova ação terá que citar irregularidades cometidas pela presidente em 2015 para eventualmente ser aceita por Cunha.
Nos cálculos do governo, se até o recesso parlamentar, em meados de dezembro, a Câmara não tiver dado início ao impeachment, o caso perderá fôlego e dificilmente vai vingar em 2016.
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