• Por enquanto, com as liminares do Supremo, o presidente da Câmara está com as mãos atadas, mas o Planalto avalia que ele, mesmo fragilizado, tem força e precisa ser 'monitorado'
Vera Rosa, Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo venceu ontem uma batalha importante na guerra contra o impeachment. A avaliação foi feita por auxiliares da presidente Dilma Rousseff, após três liminares do Supremo Tribunal Federal suspenderem o rito de tramitação do processo na Câmara. As decisões impuseram uma derrota ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inimigo do Palácio do Planalto, mas, mesmo assim, ministros tentam manter as "portas abertas" com o deputado.
Dilma estava na reunião de coordenação de governo, com 11 ministros, quando soube das duas primeiras liminares do Supremo. De acordo com relatos de participantes do encontro, não escondeu a alegria. "Agora, temos uma semana de muito trabalho pela frente. E vamos trabalhar para vencer", disse a presidente, segundo dois ministros que compareceram ao encontro, no Palácio do Planalto.
Anteontem à noite, o titular da Casa Civil, Jaques Wagner, reuniu-se com Cunha na Base Aérea de Brasília. Em menos de uma semana, os dois já se encontraram duas vezes. Além disso, conversaram por telefone em mais três oportunidades.
Denunciado pelo Ministério Público da Suíça, sob a acusação de manter contas secretas na Suíça, abastecidas com dinheiro desviado da Petrobrás, Cunha tem certeza de que o governo está por trás das denúncias que resultaram em seu calvário. Por enquanto, com as liminares do Supremo, o presidente da Câmara está com as mãos atadas, mas o Planalto avalia que ele, mesmo fragilizado, tem força e precisa ser "monitorado".
Wagner disse a Cunha que o governo não tinha o poder de influência que ele imaginava, no caso das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, mas queria manter o diálogo. Depois dessa conversa, porém, 32 dos 62 deputados da bancada do PT assinaram requerimento encabeçado pelo PSOL pedindo a cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.
"Nós queremos é criar um ambiente de paz política, de estabilidade, para que divergências não paralisem o País", afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. Dilma vai usar, em público, o discurso de que as "pedaladas" serviram para evitar a paralisia de programas sociais./ Colaboraram Isadora Peron e Adriano Ceolin
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