Em duro discurso na abertura do 12 º Congresso da CUT, petista defende seu mandato e desafia opositores: ‘ Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa o suficiente para atacar minha honra?’
Da maneira mais direta com que já tratou do tema e em meio a uma queda de braço com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sobre pedidos de impeachment, a presidente Dilma fez ontem duro discurso contra os que pregam sua saída. Sem citar nomes, disse que lutará e não deixará prosperar a “obsessão dos inconformados” com a derrota nas urnas, que voltou a chamar de golpistas. E provocou: “Quem tem força moral para atacar a minha honra?” Ela defendeu seu mandato e disse ainda que “a sociedade conhece os chamados moralistas sem moral”.
‘ Quem tem força moral para atacar minha honra?’
• Em evento na CUT, Dilma endurece discurso, afirma que oposição joga ‘ sem pudor’ e que há ‘ golpismo escancarado’
Sérgio Roxo e Stella Borges - O Globo
- SÃO PAULO- No mais duro discurso contra os seus opositores, a presidente Dilma Rousseff desafiou ontem, durante a cerimônia de abertura do 12 º Congresso da Central Única dos Trabalhadores ( CUT), os que querem interromper o seu mandato. Disse que os adversários praticam um “golpismo escancarado” e tentam construir de formar artificial o seu impeachment. O evento se transformou em um ato em defesa da petista contra a possibilidade de abertura de um processo no Congresso para o seu afastamento do cargo. Dilma decidiu de última hora ir à cerimônia. O evento não fazia parte da agenda da presidente.
Para Dilma, a oposição não aceita a derrota na eleição. A presidente indagou quem tem “biografia limpa” para atacar a sua honra. Prometeu ainda lutar pelo seu mandato e convocou os trabalhadores a apoiá- la, incendiando os cerca de 2.500 presentes no auditório.
— A sociedade brasileira conhece os chamados moralistas sem moral. E conhece porque meu governo e o governo do presidente Lula proporcionaram o mais enfático combate à corrupção da História. Eu insurjo contra o golpismo. Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa para atacar a minha honra? — indagou a presidente.
Dilma diz que os ataques dos opositores começaram ao final do segundo turno da eleição, por “inconformismo” com a derrota.
— O que antes era inconformismo, se transformou num claro desejo de retrocesso político. Isso é um golpismo escancarado — discursou a petista.
Na avaliação de Dilma, a oposição não “tem pudor” em trabalhar apenas por seus interesses.
— Na busca incessante de encurtar o seu caminho ao poder, tentam dar um golpe. Querem construir de forma artificial o impedimento de um governo eleito pelo voto direto — afirmou a presidente, sendo interrompida pela plateia aos gritos de “não vai ter golpe”.
Ela acusou os opositores de se colocarem contra o país:
— Jogam sem nenhum pudor no quanto pior, melhor. Pior para a população e melhor para eles.
“Ódio e intolerância”
Dilma destacou ainda que os adversários são contra medidas que apoiavam quando no poder.
— O interessante é que eles votam contra medidas que eles próprios aprovaram no passado.
Ela acrescentou também que os rivais espalham “ódio e intolerância” e tentam tirar seu mandato sem que exista “qualquer fato jurídico ou político”.
— Esse discurso golpista não é apenas contra mim, mas contra aquilo que eu represento. Eu represento as conquistas do governo Lula.
A presidente ainda afirmou que conta com a CUT e com os trabalhadores para defendê- la contra o impeachment.
— Nenhum trabalhador pode baixar a guarda, é preciso defender a legalidade. O golpe, que todos os inconformados querem cometer, é mais uma vez, como sempre na História do nosso país, contra o povo. Mas podem ter certeza: não vão conseguir.
Outros discursos foram marcados pelo mesmo tom. Na fala mais dura, o presidente da Confederação Sindical Internacional ( CSI), João Felício, atacou o deputado Eduardo Cunha:
— Ninguém vai dar golpe na Dilma. Não vamos ter golpe nem dos militares nem do Parlamento, presidido por um corrupto.
Dilma ainda afirmou que irá contestar a reprovação das contas de seu governo pelo Tribunal de Contas da União. Disse que as “pedaladas fiscais” são “apenas atos administrativos” praticados por todos os governos anteriores ao dela.
— Não tivemos nenhum interesse a não ser realizar as políticas sociais e de investimento.
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