Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Diante da piora das expectativas sobre a retração da economia no próximo ano, assessores presidenciais cobram mais criatividade da equipe econômica para lançar uma agenda de retomada do crescimento que dê resultado já nos próximos meses.
Segundo a Folha apurou, a avaliação de auxiliares próximos da presidente Dilma Rousseff é que o governo não pode entrar em 2016 sem um plano para dar esperança aos agentes econômicos na recuperação do ritmo de atividade da economia.
Um assessor palaciano disse à Folha que a cobrança por mais criatividade da equipe do ministro Joaquim Levy (Fazenda) não significa pedir a adoção de medidas mágicas, mas de iniciativas que possam ser lançadas enquanto o governo busca aprovar o pacote fiscal apresentado ao Congresso Nacional.
Assessores chegam a dizer que, sem avanço das medidas fiscais, Levy pode aproveitar para deixar o governo na virada do ano sob a justificativa de que sua receita para recuperar a economia, que passa primeiro pelo reequilíbrio das contas públicas, não foi aceita no Congresso.
Interlocutores do ministro da Fazenda negam que esse seja seu plano. Levy, afirmam, faz questão de dizer que a presidente Dilma está fechada com sua proposta de ajuste fiscal e ele está comprometido com a missão de ajudá-la a superar a atual crise econômica.
Pressões
Nesta segunda-feira, dois auxiliares próximos da presidente disseram àFolha que não está nos planos da chefe trocar o ministro da Fazenda, apesar das seguidas pressões do PT e do ex-presidente Lula para substituí-lo.
Eles reconheceram, porém, que o governo está preocupado com as previsões de piora da retração econômica em 2016. A pesquisa do Banco Central com economistas do mercado já aponta para uma desaceleração de quase 2% no ano que vem.
Para o Planalto, não dá mais para ficar esperando a aprovação do ajuste, o que dificilmente ocorrerá neste ano, para reanimar a economia.
Para 2016, alguns analistas do mercado preveem um tombo próximo ao que deve ocorrer neste ano, com retração projetada de 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Essas previsões, na avaliação de assessores, reforçam a necessidade de adotar medidas que garantam um início de recuperação do ritmo da economia brasileira.
Caso contrário, dizem, o governo Dilma e o PT serão os principais alvos de críticas da campanha eleitoral do próximo ano, gerando um cenário de desgaste político que pode inviabilizar, de vez, qualquer possibilidade de um nome ligado ao petismo na eleição presidencial de 2018.
Angústia
Interlocutores de Levy dizem que o ministro compreende a angústia do PT, mas afirma que, sem ajustar as contas públicas, qualquer medida para retomar o ritmo da economia fracassará.
O próprio ministro da Fazenda passou a reforçar em suas entrevistas a necessidade de retomar o crescimento da economia, elencando ações para atingir este objetivo no médio prazo.
Levy publicou recentemente documento intitulado "Reequilíbrio fiscal e retomada da economia", apontado como um sinal de flexibilização de seu discurso antes só focado no reequilíbrio das contas públicas.
No texto, o ministro da Fazenda reconhece, no capítulo "O caminho do crescimento, os próximos passos", que a expansão da economia passa pelo "relaxamento das condições de crédito", uma das reivindicações do ex-presidente Lula.
A equipe do ministro afirma ainda que ele tem discutido dentro e fora do governo medidas para melhorar o ambiente econômico, como a modernização das regras das parcerias público-privadas (PPPs) e a reforma da Previdência Social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário