• Senador também aponta que propina de Belo Monte irrigou campanhas
- O Globo
Trecho da delação premiada do senador Delcídio Amaral, publicado pela “IstoÉ”, diz que a obra de Belo Monte irrigou as campanhas de Dilma em 2010 e 2014. O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse na proposta de acordo de delação que teria havido pagamento de propina na obra da hidrelétrica de Belo Monte. Ele também acusou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, de pedir que recursos de empresa farmacêutica, obtidos por meios de contratos fictícios, fossem usados para pagar despesas da campanha de 2014. Em novos trechos da delação divulgados pela revista “IstoÉ", Delcídio também fez acusações aos ex-ministros da Casa Civil Antonio Palocci e Erenice Guerra e a Silas Rondeau (Minas e Energia).
Segundo a “IstoÉ”, Delcídio afirmou que na campanha eleitoral de 2014 foi procurado por Edinho Silva, então tesoureiro da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Delcídio disputava o governo do Mato Grosso do Sul. O senador contou que Edinho teria pedido para que “pagasse R$ 1 milhão do saldo da dívida de sua campanha”, sem deixar claro se estava se referindo à campanha de Dilma ou do próprio Delcídio.
Edinho teria apontado débitos de R$ 500 mil com a empresa de assessoria FSB Comunicação, e outros R$ 500 mil com Zilmar Fernandes, sócia de Duda Mendonça. O pagamento seria feito por meio de contratos fictícios com o laboratório EMS.
Delcídio disse, na delação, que chegou a pedir que a FSB e Zilmar emitissem notas fiscais para o laboratório, mas reconheceu que os pagamentos não foram feitos, e que os dois credores retiraram as notas por temer envolvimento com o laboratório.
Em nota, Edinho rebateu as acusações: “A afirmação é uma mentira escandalosa. Jamais mantive esse diálogo com o senador, jamais mantive contato com as mencionadas empresas, antes ou durante a campanha eleitoral. Isso é facilmente comprovado. As doações para a campanha de Dilma em 2014 estão todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, bem como os fornecedores. As contas da campanha foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE”.
Triunvirato em Belo Monte
Em nota, a FSB afirma que nunca recebeu recursos da EMS, “empresa que jamais foi cliente da agência”, e acrescenta que está processando o diretório de Mato Grosso do Sul do PT para receber os valores devidos por serviços prestados na campanha de 2014.
Em outro trecho, Delcídio afirma que um “triunvirato” formado por Palocci, Erenice e Rondeau atuou para definir o projeto de Belo Monte, o que teria garantido a participação de empresas que iriam, em contrapartida, dar dinheiro para campanhas do PT e do PMDB. Segundo a delação, as propinas ligadas à obra de Belo Monte seriam de pelo menos R$ 30 milhões, mas o próprio senador admitiu que o valor poderia ser ainda maior.
“A propina de Belo Monte serviu como contribuição decisiva para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014”, afirmou Delcídio. “A atuação do triunvirato formado por Silas Rondeau, Erenice Guerra e Antônio Palocci foi fundamental para se chegar ao desenho corporativo e empresarial definitivo do projeto Belo Monte”. A delação do senador ainda não foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do STF.
Delcídio disse que a corrupção em Belo Monte ocorreu tanto na execução das obras civis, orçadas em R$ 19 bilhões, como na compra de equipamentos, avaliados em R$ 4,5 bilhões.
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