• Delcídio Amaral, ex-líder do governo no Senado, cita ainda parte da bancada do PMDB na casa, além de representantes da oposição
- O Estado de S. Paulo
O ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS) cita, no acordo de delação premiada, parte da bancada do PMDB na Casa, além de representantes da oposição, segundo reportagem da revista IstoÉ. De acordo com a publicação, o alvo principal de Delcídio é a bancada ligada ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele mencionou também o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG).
Conforme a reportagem, no caso dos peemedebistas, o grupo de Renan seria composto pelos senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), Jader Barbalho (PMDB-PA), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Valdir Raupp (PMDB-RR). O ex-líder do governo no Senado afirmou, segundo a publicação, que Renan, Jucá e Eunício “jogaram pesado com o governo para emplacarem os principais dirigentes” das agências nacionais de Saúde Suplementar (ANS) e de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Com a decadência dos empreiteiros, as empresas de plano de saúde e laboratórios tornaram-se os principais alvos de propina para os políticos e executivos do governo”, afirmou Delcídio, conforme a reportagem. Em outro ponto do acordo de delação, o ex-líder do PT declarou que o “time” comandado por Renan (Lobão, Barbalho, Jucá e Raupp) exerce um arco de influência amplo no governo, como no Ministério de Minas e Energia, Eletrosul, Eletronorte, diretorias de Abastecimento e Internacional da Petrobrás, além das usinas de Jirau e Belo Monte, afirma o texto da IstoÉ.
A revista diz ainda que Delcídio afirmou que os senadores apadrinharam a permanência dos ex-diretores da Petrobrás Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa nos cargos.
De acordo com a publicação, o ex-líder do governo disse também ser testemunha do “elo” entre Renan e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. “Seguidas vezes o vi (Machado), semanalmente, despachando com Renan na residência oficial da presidência do Senado”, relatou, segundo a IstoÉ.
Dimas Toledo e CPI. Na referência a Aécio, a revista escreve que Delcídio disse que em uma conversa com Lula durante uma viagem a Campinas, o então presidente perguntou-lhe quem era Dimas Toledo (ex-diretor de Furnas). “Um profissional do setor elétrico. Por que o senhor pergunta isso?”, teria respondido Delcídio. Ao que Lula teria explicado: “É porque o (José) Janene (ex-deputado, que morreu em 2010) veio me pedir pela permanência dele, depois o Aécio e até o PT, que era contra, já virou a favor da permanência dele. Deve estar roubando muito”.
O ex-líder do governo afirmou ainda que quando presidia a CPI dos Correios, aceitou estender um prazo para que o Banco Rural fornecesse a quebra de seu sigilo bancário. Segundo ele, a solicitação de dilatação de prazo foi necessária para que o Rural ganhasse tempo para maquiar seus demonstrativos contábeis, evitando que o mensalão atingisse o governo de Minas Gerais na gestão do tucano.
Depois deste trecho, afirma a revista, o nome de Aécio aparece entre parênteses ao lado de Clésio Andrade – ex-vice-governador do Estado. A publicação diz que há dúvidas se neste caso os dois políticos mineiros foram mesmo citados por Delcídio ou se a interpretação partiu dos integrantes da Procuradoria-Geral da República. Clésio, que foi vice de Aécio no primeiro mandato do tucano em Minas, foi também sócio de Marcos Valério na agência SMPB. Clésio é réu no mensalão mineiro.
Temer. Delcídio também mencionou o vice-presidente Michel Temer, segundo a reportagem. Conforme o senador, diz a revista, João Augusto Henriques, preso por ordem judicial da 13.ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, “operou um dos maiores escândalos envolvendo a BR Distribuidora entre 1997 e 2001, durante o governo FHC”.
No acordo de delação, o ex-líder do governo sublinha que Temer era o “padrinho” de João Henriques.
O Estado não conseguiu contato na noite de ontem com Renan, Temer e os outros peemedebistas citados. À reportagem, a assessoria de Aécio informou que não tinha tido acesso ao texto da IstoÉ ou à delação de Delcídio e por isso não iria comentar. Durante a semana, o senador mineiro afirmou que a citação a seu nome ma delação do ex-líder do governo era “mais uma tentativa de vincular a oposição à Operação Lava Jato”. Ele se disse indignado. Dimas Toledo e Clésio não foram localizados.
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