- O Estado de S. Paulo
Para este fim de semana, estão agendados dois acontecimentos de forte densidade política, com potencial para provocar importantes mudanças na atual relação de forças que ainda sustentam o governo Dilma.
O primeiro deles é a convenção do PMDB, a ser realizada neste sábado, em Brasília, em que será discutido o “desembarque” do partido da base de apoio do governo.
O segundo fato político será a manifestação, que deverá ser realizada neste domingo nas capitais e nas principais cidades do Brasil, cujo principal objetivo é pressionar pelo afastamento da presidente Dilma.
A avaliação sobre qual dos dois eventos é mais importante depende de muita coisa: dos seus resultados práticos, da capacidade de mobilização e, no caso da convenção do PMDB, da qualidade e do ritmo do que seria esse “desembarque”.
No entanto, porque envolve quem realmente vota e pesa na tomada das decisões, em princípio, a convenção do PMDB tende a ter maior peso político. Conhecendo-se o espúrio DNA do partido e a ficha oportunista de alguns dos seus dirigentes, parece improvável que saiam dessa convenção decisões drásticas, de rompimento aberto e de proclamações gerais do tipo “fora Dilma”. Mas não será preciso muito para aumentar a desestabilização do governo e, mais do que isso, para desencadear articulações destinadas a formar novo núcleo hegemônico de poder, de orientação diferente da que prevaleceu até aqui.As negociações de líderes do PMDB com alguns dirigentes da oposição dão alguma ideia do desfecho desse jogo.
A presidente Dilma já não governa e não conta nem sequer com o apoio do seu próprio partido, o PT, que continua exigindo mudanças radicais na economia. O programa econômico do partido, já o sabemos, é uma farofa de propostas estapafúrdias, como a da queima de reservas, a derrubada unilateral dos juros e despejo de crédito. São ineficazes se o objetivo imediato é tirar a economia da encalacrada em que está.
A principal conclusão que poderá sair da convenção do PMDB é a de que a presidente Dilma já não conte mais com os tais 172 votos de que precisaria para evitar um processo de impeachment no Congresso. Não bastasse isso, há o enorme potencial de estrago político que poderá ser produzido pelo avanço da Operação Lava Jato.
O outro evento de impacto é a manifestação, anti-Dilma e anti-tudo-isso-que-está-aí, que dará uma ideia do volume do rugido das ruas. A população está cansada e, mais do que isso, se sente ameaçada pela corrosão do seu poder aquisitivo pela inflação, pelo crescimento do desemprego, pelas proporções da corrupção e pela paralisia que prostra todo o governo.
A novidade neste país é a de que, desta vez, não são as botas dos militares que se metem cozinha adentro; são as canetas dos magistrados e dos promotores do Ministério Público. Ainda nesta sexta, 11, o diário inglês Financial Times observava em editorial que essa demonstração de maturidade não se observaria nem na Rússia nem na China.
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