• Municípios investiram, em média, 20% menos do que em 2015. Rio é exceção
- O Globo
-SÃO PAULO- Além de não receber os recursos do governo federal para as obras do PAC de mobilidade, as principais capitais brasileiras estão vendo suas receitas caírem com a crise econômica. A falta de dinheiro nos caixas municipais, a proibição de doação de empresas para campanhas e a situação política vivida pelo país transformaram a eleição de 2016 em um evento único e imprevisível, segundo analistas.
Sem contar o Rio de Janeiro, que ainda experimenta um boom de investimentos públicos associado à Olimpíada, as capitais investiram, entre janeiro e abril, cerca de 20% menos que no mesmo período do ano passado. Os dados, disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional, levam em conta informações fornecidas por 20 cidades — no Rio, o investimento saltou de R$ 772 milhões nos primeiros quatro meses de 2015 para R$ 1 bilhão este ano.
O ano de 2015 já havia sido ruim para as finanças municipais. Uma reportagem publicada pelo GLOBO em dezembro mostrou que 14 capitais investiram entre 15% e 90% menos do que em 2014. Devido a despesas obrigatórias, como a folha salarial, muitos municípios ficaram sem ter como investir e fecharam o ano com déficit.
Ao lado da crise política, a falta de recursos ajuda a explicar a baixa aprovação de prefeitos de grandes cidades nas pesquisas de intenção de voto, segundo o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac).
— A aprovação dos prefeitos das principais capitais está mais modesta do que na mesma época de 2012 — diz o analista. — Você tem país em crise, menos receita, governo federal sem dinheiro. Fica difícil para o prefeito conseguir convencer seus eleitores.
Em tese, o candidato com a máquina pública a seu favor levaria vantagem este ano, já que a campanha foi encurtada para 45 dias, mas Figueiredo recorda que, dada a alta reprovação dos atuais prefeitos, oposicionistas que já são rostos conhecidos podem levar vantagem. O cientista político ressalta que o jogo está aberto, porque será uma disputa “muito diferente” em relação aos últimos pleitos, tanto pela mudança no financiamento quanto devido à crise econômica.
Professor da Universidade de Brasília (UNB), o cientista político João Paulo Machado Peixoto diz acreditar que a falta de dinheiro não é necessariamente ruim para as eleições de outubro:
— Ter prefeituras sem dinheiro para fazer grandes obras talvez até seja bom. O prefeito que tentar a reeleição vai ter que mostrar outros valores, principalmente de liderança, para convencer o eleitor. E a população não vai escolher seu candidato só pela obra.
Peixoto avalia que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff deve ter algum peso em disputas que envolvam candidatos do PT:
— Essa eleição vai ser uma espécie de julgamento público do partido.
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