• Antecipação de pleito ainda deixa a terça-feira livre para votação sobre futuro de Cunha
Eduardo Bresciani e Leticia Fernandes - O Globo
-BRASÍLIA- A eleição para escolher o novo presidente da Câmara será antecipada para quarta-feira, 19h. A data foi fechada ontem, num acordo construído entre líderes partidários, sobretudo do centrão, e alguns dos candidatos à sucessão.
O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), tinha decidido que a sessão para eleger o novo presidente aconteceria na quinta, às 16h. Os líderes do centrão, porém, tentavam antecipar o pleito para terça-feira.
A construção da data intermediária teve como ponto-chave uma reunião na casa do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), na tarde de ontem. De lá, líderes da base aliada consultaram os candidatos e o consenso foi construído.
Deputados que participaram da reunião pediram sigilo, porque a ideia era que o próprio Maranhão anunciasse nesta segunda-feira a nova data. Rodrigo Maia (DEM-RJ), porém, confirmou ao GLOBO a mudança. Ele tinha ajudado o presidente interino a marcar a eleição para quinta.
Maranhão desconversou sobre o acerto, mas reconheceu que, agora, consultará os líderes.
— Vamos nos reunir amanhã com os líderes e ouvir as propostas — disse ao GLOBO o presidente interino da Câmara.
Rosso diz que depende do colégio de líderes para oficializar a data, mas o centrão tem a maioria de 257 votos necessários para a mudança, se a decisão for submetida a essa instância.
A data intermediária desconstrói o discurso dos dois grupos rivais porque reduz o risco de jogar a decisão para agosto e permite que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) discuta na terça o recurso de Eduardo Cunha (PMDBRJ) contra o parecer pela cassação de seu mandato aprovado pelo Conselho de Ética.
Depois de renunciar na semana passada, Cunha tentou uma nova manobra para retardar ainda mais a conclusão do seu caso. Ele pediu que a CCJ devolva o processo para o Conselho porque foi julgado como presidente da Câmara e não como mero deputado. Osmar Serraglio (PMDBPR), presidente da Comissão, porém, não fez a devolução imediata, repassando o caso ao relator, Ronaldo Fonseca (PROS-DF). Na sexta passada, Fonseca rejeitou o novo argumento de Cunha e manteve em seu parecer a interpretação de que o caso deveria voltar apenas para a votação final.
Na semana passada, partidos de aliados de Cunha trocaram deputados da CCJ para tentar mudar votos a favor do peemedebista. Ainda assim, a expectativa é que a comissão rejeite integralmente o recurso e o caso de Cunha chegue ao plenário. A decisão final, porém, deve ocorrer apenas em agosto, pois a Câmara entrará de recesso branco a partir da próxima semana.
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