Marcelo de Moraes | O Estado de S.Paulo
Depois de se recuperar do impacto gigantesco causado pela delação dos executivos da JBS, o governo conseguiu um mínimo de reorganização nas últimas 48 horas. Foi o suficiente para enxergar que tinha montado uma armadilha contra si próprio, ao apresentar recurso no Supremo pedindo a suspensão do inquérito contra o presidente Michel Temer.
Bastava que a Corte recusasse o pedido – hipótese muito provável – para que o governo entregasse de bandeja o pretexto que aliados desconfortáveis com o escândalo queriam para iniciar seu desembarque. Sem o julgamento, Temer ganha algum fôlego para tentar acalmar sua base.
Outro foco importante foi retomar a discussão das reformas, especialmente a trabalhista, que já passou pela Câmara e tem relatório pronto no Senado. Ao fazer isso, o governo opera para driblar o clima de paralisia. Nesse caso, o movimento também é conveniente para partidos aliados como o PSDB e DEM, que, mesmo que desembarquem da aliança presidencial, defendem a aprovação das propostas. Até porque, com ou sem Temer, querem permanecer à frente do governo.
O problema é que o Planalto ganhou tempo, mas não assegurou sobrevivência. Com o desgaste provocado pelas denúncias, sabe que segue lidando com o risco elevado de queda. Pior: vai depender cada vez mais do humor e da boa vontade dos seus aliados no Congresso, numa relação em que, provavelmente, terá de apelar para o toma lá, dá cá, para sobreviver.
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