Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - Em sintonia com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que "não seria correto" o PSDB deixar neste momento o governo do presidente Michel Temer. Alckmin defendeu que o partido tenha "cautela" e espere os desdobramentos das denúncias contra Temer.
"Neste momento acho que não seria correto para com o país, em razão de um fato, sair. Vamos ver os desdobramentos desse fato e qual a solução. Temos que participar, ajudar na solução', disse Alckmin. Questionado por jornalistas se o PSDB vai esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação contra Temer, o governador tucano disse apenas: "Vamos aguardar".
Temer é investigado por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Alckmin disse que a situação é "grave" e que seu partido "precisa ter responsabilidade neste momento". "Não podemos abandonar as reformas", afirmou, depois de participar de um evento para a entrega de armas à polícia de São Paulo. "É hora de cautela", disse. "Os desdobramentos nós vamos acompanhando. É um processo dinâmico, que tem uma interface com o poder Judiciário, com a questão política. Então responsabilidade é o caminho".
FHC também tem defendido que o PSDB continue no governo. O tucano telefonou no sábado para Temer e ofereceu apoio.
Ontem, além de defender a manutenção do PSDB no governo Temer, Alckmin fez um discurso dissonante em relação ao do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre um dos principais problemas da cidade, a Cracolândia. Segundo Alckmin, a solução para o local não é tão rápida nem fácil como Doria afirmou um dia antes, quando foi realizada uma megaoperação policial na região que prendeu 52 pessoas.
"Não vai resolver em 24 horas", afirmou Alckmin. "É um trabalho de perseverança. Não pode dizer: 'acabou, vamos embora'. É um trabalho permanente. É questão crônica, policial, social e de saúde pública", disse o governador afirmando em seguida que a dependência química no Brasil "tem caráter epidemiológico". "A situação é complexa", afirmou Alckmin.
No dia da megaoperação, Doria disse que "a Cracolândia acabou". "A Cracolândia aqui acabou, não vai voltar mais. Nem a prefeitura permitirá nem o governo do Estado. Essa área será liberada de qualquer circunstância como essa. A partir de hoje, isso é passado".
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