Líder do governo no Senado afirma que presidente não vai renunciar porque 'não há motivo para renúncia'
Julia Lindner e Isabela Bonfim | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez nesta segunda-feira, 22, o seu primeiro pronunciamento no plenário após a crise envolvendo o presidente Michel Temer. Ele reforçou que Temer não irá renunciar "porque não há motivo para renúncia". "O cargo de presidente da República não vai ficar vago. Se as oposições quiserem disputar as eleições, se preparem para disputar as eleições em 2018, dentro do calendário constitucional", declarou na tribuna.
Jucá contou que passou o final de semana conversando com Temer e que ele não tem medo das investigações. O líder do governo avaliou ainda que o presidente respondeu "com firmeza" as questões que foram colocadas nos últimos dias. Temer é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Para ele, a operação da Justiça foi feita de "supetão" e de maneira "emergencial". "Vimos as mais diversas matizes oposicionistas colocando o carro na frente dos bois, discutindo vacância da Presidência da República, discutindo mudança constitucional em cima de algo que não sofreu ainda nenhum fato investigativo, nenhum. Nem a perícia foi feita. Nem a Polícia Federal, que deveria ter se manifestado antes de o processo se instaurado, se manifestou", criticou Jucá.
O parlamentar também aproveitou para defender as reformas econômicas defendidas pelo governo, que correm o risco de ficar paralisadas. "Acho muito curioso que algumas pessoas no Congresso e na vida política queiram usar uma investigação que está se iniciando para barrar os avanços que o País está colhendo." Ele considera que as propostas da reforma trabalhista e previdenciária mudarão o cenário econômico em 2018 e por isso alguns políticos defendem a antecipação das eleições diretas. "Daqui um ano estará claro para o Brasil quem fez bem e que fez mal a este País", disse.
Jucá afirmou ainda que o "turbilhão de informações" contra Temer tenta "tolher o movimento de recuperação do País". "Não há crise no Congresso para deixar de discutir reforma. O Presidente fará, no devido tempo, a prova do que é verdade e das suas questões que ficarão claras à sociedade. Agora, nós vamos parar o Brasil até que se faça uma investigação? Sobre quantas pessoas? Mil e oitocentas que foram citadas em doações? Não. O povo brasileiro não pode esperar isso. O povo brasileiro quer mudança de atitude. E o governo Michel Temer tem e terá mudança de atitude para melhorar a vida dos brasileiros."
Ele reafirmou as declarações do presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), e do relator da proposta no colegiado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), de que o calendário da reforma trabalhista está mantido. Caso isso se confirme, a proposta poderia ser aprovada em meados de junho no plenário da Casa.
"Amanhã (terça, 23), nós vamos sim ler o relatório na CAE da reforma trabalhista, porque isso foi pactuado com a oposição e com o Governo. O governo podia ter trazido aqui para o plenário direto a reforma trabalhista. Não o fez. Ao contrário, nós concordamos em votar em três comissões. E, amanhã, vai ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos", disse.
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