Por Marina Falcão | Valor Econômico
RECIFE - Candidatos à Presidência com histórico de boas votações no Nordeste, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) ficaram com seus palanques espremidos entre duas grandes coligações na corrida eleitoral em Pernambuco: a do governador Paulo Câmara (PSB), que apoiará o candidato do PT, e a do senador Armando Monteiro (PTB), que fechou com Geraldo Alckmin (PSDB).
Marina terá o palanque do ex-prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (Rede), que não fez aliança com nenhum partido. Já Ciro terá que dividir espaço com o PT na campanha do ex-deputado Maurício Rands (Pros), que, de última hora, conseguiu se unir ao PDT e ao Avante com a promessa de ser uma terceira via nas eleições pernambucanas. Rands diz que fará uma "campanha franciscana" e que não tem recursos próprios para investir. "Vai ser vaquinha e crowdfunding dos amigos, com o pouquinho recurso dos três partidos, que também tem que canalizar recursos para os deputados", disse.
Ex-deputado federal pelo PT (2003-2012), Rands montou a sua chapa em 15 dias. Ele pegou carona no vácuo deixado pela vereadora Marília Arraes (PT), que teve sua candidatura rifada pela executiva nacional do PT em nome da neutralidade do PSB nas eleições presidenciais.
O PDT indicou a ex-vereadora Isabella de Roldão para o cargo de vice na chapa. O deputado Sílvio Costa (Avante) ficou com uma das vagas ao Senado. Rands tentou atrair uma quarta legenda para a sua coligação, oferecendo a segunda vaga, mas não conseguiu. A vaga acabou ficando a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Lídia Brunes (Pros).
Embora o Pros tenha fechado nacionalmente com o PT, Rands diz que não vai declarar voto em nenhum candidato específico. Ele estava afastado da política desde que renunciou ao mandato de deputado em 2012, após ter sua candidatura à prefeito do Recife frustrada. Antes de se filiar ao Pros, em abril desse ano, ele passou pelo PSB. Em 2014, coordenou a campanha presidencial de Marina Silva, após a morte do ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Juntamente com o irmão, controla o jornal Diário de Pernambuco. Sua família também é dona da Datamétrica, empresa de telemarketing e de pesquisas - eleitorais, inclusive. Para Rands, a sua candidatura pode recolher o mesmo sentimento de rejeição às grandes coligações que alimentava a candidatura de Marília.
A rejeição a qual Rands se refere passa pela composição das chapas adversárias. Em uma aliança com 12 partidos, o governador Paulo Câmara apresenta Humberto Costa (PT), um dos mais fiéis escudos do PT, ao lado do deputado Jarbas Vasconcelos (MDB), crítico histórico do partido de Lula, como candidatos seus ao Senado.
Na esfera estadual, Humberto Costa passou os últimos anos como opositor ferrenho ao governo do PSB. Agora, ao defender a aliança com um partido que votou majoritariamente pelo impeachment, o parlamentar ganhou a antipatia da sua própria militância, que recebeu o senador com gritos de "golpista" na última convenção estadual.
A contradição também está exposta na chapa liderada por Armando Monteiro, que conseguiu reunir 13 partidos. O senador é ex-ministro de Dilma Rousseff - e um dos poucos que permaneceu em defesa da petista até o fim do processo de impeachment. Para fortalecer sua coligação, Monteiro se juntou o DEM e o PSDB. Os candidatos ao Senado são os deputados Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB), ambos ex-ministros do presidente Michel Temer. Araújo deu o voto emblemático que decidiu o processo de impeachment de Dilma.
Além das candidaturas do PSB, PTB, Pros e Rede, o pleito em Pernambuco terá ainda como postulantes Danielle Portella (Psol) e Simone Fontana (PSTU).
Em 2014 Marina Silva teve 48% dos votos em Pernambuco, ajudada pelo apoio da família do governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto daquele ano, a quem substituiu como candidata. Em 2002, em sua segunda tentativa de chegar à presidência, Ciro venceu a disputa no Ceará.
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