Folha de S. Paulo
O que ainda impressiona é que nenhuma
instituição política e/ou jurídica do país seja capaz de deter Bolsonaro
Enquanto políticos, juristas e analistas em
geral discutem se o que Bolsonaro comanda é genocídio, extermínio, mortandade
ou carnificina, o criminoso ri da discussão semântica, dobra a aposta e ataca
outra vez. Agora, nega
vacinas para crianças. O massacre de 620 mil brasileiros nos cemitérios não
basta. O vírus pede mais sangue, e Bolsonaro se dispõe a despachar a encomenda.
No costumeiro estilo miliciano, ele expande a truculência e parte para cima da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que autorizou a imunização para crianças entre 5 e 11 anos. Até pouco tempo atrás parceiro do delinquente em protesto negacionista e, hoje, ao que parece, distanciado do Planalto, o diretor-presidente da Anvisa, Barra Torres, pediu proteção policial para servidores e diretores da agência, tamanha a gravidade das ameaças.
Não é só a Anvisa que recomenda a
imunização para os pequenos. A OMS, países da União Europeia, Estados Unidos e
vizinhos aqui na América Latina fazem o mesmo. Mas o Ministério da Saúde é
comandado pelo sabujo Marcelo Queiroga, que diz precisar de mais tempo para
estudar o assunto e que só irá decidir em janeiro, depois de uma consulta
popular. Daqui a pouco vai dizer que a vacinação precisa ser decidida em
plebiscito.
Faz sentido. Se não tem impeachment para tirar
esses bandidos do poder, eles sentem-se à vontade para lubrificar as
engrenagens da máquina mortífera. A Covid mata crianças e também faz delas
agentes transmissores do vírus para todos que lhes são próximos. Negar a
proteção da vacina é de um grau de perversidade difícil de assimilar, mas o que
esperar de alguém que defende a tortura, como Bolsonaro, a não ser podridão
humana?
O que ainda impressiona é que nenhuma
instituição política e/ou jurídica do país seja capaz de deter esse assassino.
Instituições e seus representantes inertes são cúmplices da morte e da
naturalização da desgraça que nos assola e nos condena a mais um ano com o
genocida no poder.
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