Folha de S. Paulo
Um Congresso responsável já teria desenhado
um sistema de redução paulatina do fundo eleitoral
O Congresso
com enorme frequência toma decisões ruins. Por vezes, essas decisões são
também moralmente injustificáveis. É o caso da derrubada do veto presidencial
ao fundo
eleitoral de R$ 5,7 bilhões. Partidos políticos poderão dispor no pleito do
ano que vem de mais do que o dobro do que gastaram em 2018.
A pandemia deixou o Brasil mais pobre. Para alguns estratos sociais, isso significa fome. O setor público, que mantém programas que podem acolchoar a crise, também passa por apertos. Num exemplo quase aleatório, reitores de universidades federais se queixam de que não têm recursos para continuar com o funcionamento dos bandejões, que vendem refeições subsidiadas para os estudantes. É a definição mesma de economia burra. A universidade oferece a alunos cursos que, no setor privado, podem custar centenas de milhares de reais, mas não dá aquele tantinho a mais que lhes permitiria dedicar-se integralmente aos estudos.
O lugar mais óbvio para cortar num
Orçamento são as verbas destinadas a campanhas. Não digo que devem ser zeradas,
mas são uma das poucas rubricas que podem ser reduzidas sem prejuízo. O mesmo
número de candidatos será eleito quer os partidos gastem R$ 6 bilhões, quer
gastem R$ 1 bilhão. E não vejo como afirmar que exista uma relação de
causalidade entre o volume de recursos investido e a qualidade dos eleitos.
Na verdade, um Congresso responsável já
teria desenhado um sistema de redução paulatina do fundo eleitoral, uma vez que
a tendência é que as campanhas se desloquem cada vez mais da TV
e do rádio para a internet, que é muito mais barata que os meios
tradicionais.
Diante das enormes carências por que passa
o país, parece-me imoral aumentar os gastos com campanhas. O lado bom dessa
novela é que ela nos legou um critério de demarcação. Você, eleitor, tem bons
motivos para não votar em nenhum dos parlamentares que ajudaram a derrubar o
veto.
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