Lista encaminhada à Justiça Eleitoral indica candidatos a vereador no Rio e na Baixada Fluminense
Chico Otavio, Cássio Bruno e Sérgio Ramalho
Três relatórios da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio, já entregues à Justiça Eleitoral, dimensionam a influência e o poder político das milícias nas eleições deste ano. Os documentos listam os nomes de 25 candidatos a vereador supostamente apoiados por grupos paramilitares, que atuam na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Entre os concorrentes relacionados, 16 são policiais militares, dois policiais civis e um é bombeiro, além de um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Na relação enviada ao TRE no fim de agosto, dez candidatos disputarão uma vaga na Câmara do Rio, todos com redutos eleitorais em regiões dominadas por grupos paramilitares em Jacarepaguá, Santa Cruz, Campo Grande, Sulacap e Realengo. Entre eles figuram um major, três sargentos e um cabo da Polícia Militar, além de um comissário da Polícia Civil. Todos com anotações criminais, citados em inquéritos e processos em andamento no Tribunal de Justiça por envolvimento em casos de lesão corporal, formação de quadrilha, extorsão e homicídios.
Na Baixada Fluminense, as principais áreas dominadas por milicianos ficam em Nova Iguaçu e Duque de Caxias. Mas há indicações da influência desses grupos em Magé, Mesquita, São João de Meriti e Belford Roxo. A atuação chega também a Saquarema, na Região dos Lagos. Os 15 candidatos que disputam os votos dos eleitores destes sete municípios também respondem por assassinatos, porte ilegal de arma, lesão corporal, extorsão, falsidade ideológica, corrupção passiva, furto e ameaça.
Apesar de aparecerem nas investigações e em processos em andamento, nenhum deles até agora foi condenado em segundo grau pela Justiça e, por isso, tiveram seus registros de candidatura aprovados pelo TRE-RJ, podendo fazer campanha normalmente. A Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis os candidatos condenadas por órgãos colegiados.
Suspeitos estão distribuídos em 13 partidos
Dos políticos listados nos relatórios, quatro são do PTN, três filiados ao DEM. Já o PT, PV, PSD, PR, PHS e PTdoB têm dois candidatos incluídos na relação, cada um. As legendas PDT, PSC, PMN, PSDC e PSL contam com um candidato cada. Procurados pelo GLOBO, os diretórios regionais do DEM e do PTN, partidos com maior número de candidatos citados pela Subsecretaria de Inteligência, não retornaram as ligações.
Nem todos que estão nos relatórios são policiais e bombeiros. Na capital, por exemplo, dois são vereadores que tentam a reeleição e estariam se beneficiando da influência dos currais eleitorais das milícias em Santa Cruz e Campo Grande. Há ainda um candidato ligado à exploração do transporte alternativo na região, e a mulher de um miliciano preso há dois anos em operação da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco).
Lançar o nome da mulher na disputa eleitoral também foi a estratégia utilizada por um chefe de milícia que atua em 27 bairros de Nova Iguaçu. Preso em 2009, também pela Draco, o sargento PM, que cumpre pena numa penitenciária no Complexo de Gericinó, tenta eleger a mulher para uma vaga na Câmara Municipal. Apesar de as informações contidas nos documentos não poderem ser empregadas pelo TRE-RJ para inviabilizar as candidaturas dos citados, os dados serão usados para traçar estratégias que impeçam os citados de se beneficiarem dos votos nos currais eleitorais das milícias. Para isso, a Justiça Eleitoral defende a utilização da Força Nacional de Segurança nas localidades mapeadas. Não apenas no dia do pleito, mas com antecedência para evitar o voto de cabresto.
Em julho passado, O GLOBO noticiou que a força-tarefa criada pelo presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter, investigava as campanhas de policiais militares, civis e bombeiros em busca de indícios da ligação de algum candidato com grupos paramilitares. Em todo o estado, 563 integrantes das três instituições tiraram licença remunerada de suas funções para concorrer nas próximas eleições. Um batalhão de candidatos, onde PMs são maioria com 385 nomes registrados no TRE, seguidos por bombeiros (116) e policiais civis (62).
FONTE: O GLOBO
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