No mesmo dia em que decretou a liquidação extrajudicial do Cruzeiro do Sul e do Prosper, duas instituições que estavam sob intervenção, o governo tomou medidas para socorrer pequenos e médios bancos em dificuldade. A principal delas foi a redução dos empréstimos compulsórios para injetar mais recursos no mercado financeiro.
Ajuda de R$ 30 bi a bancos
Autoridade monetária reduz a obrigação dos depósitos compulsórios, favorecendo o crédito e as instituições em dificuldades
Vânia Cristino
Em meio a informações sobre dificuldade de financiamento de bancos médios e pequenos no mercado, o Banco Central decidiu, ontem, alterar os depósitos compulsórios e injetar cerca de R$ 30 bilhões na economia. Por meio de uma circular, a instituição não apenas simplificou as regras como também reduziu a alíquota adicional sobre depósitos à vista e a prazo. Compulsórios são recursos que os bancos têm que deixar, obrigatoriamente, depositados na autoridade monetária e não podem ser usados para conceder empréstimos.
Segundo o próprio BC, os bancos devem usar os recursos liberados para oferecer crédito a taxas mais competitivas. Desde o fim do ano passado, já haviam sido liberados cerca de R$ 70 bilhões em compulsórios. Com a medida adotada ontem, o valor ultrapassará R$ 100 bilhões nos próximos meses.
Na nova regulamentação, a alíquota adicional incidente sobre os depósitos à vista foi reduzida de 6% para zero e entrou em vigor ontem mesmo. Em relação aos depósitos a prazo, o BC reduziu a alíquota adicional de 12% para 11%. Essa medida, no entanto, só começará a surtir efeito a partir de 29 de outubro.
Além da diminuição dos recursos que devem ficar parados, a circular permite que até metade do recolhimento compulsório adicional sobre depósito a prazo seja cumprida mediante aquisição de letras financeiras e carteiras de crédito. Essa regra também entra em vigor imediatamente.
O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, admitiu que o nível do compulsório no Brasil é alto na comparação com outros países. Aqui, o total de compulsório, da ordem de R$ 380 bilhões, representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB). A média global é de 2%.
"Não chegaremos nunca a um nível tão baixo, mas podemos fazer adequações ao longo do tempo, seguindo as mudanças estruturais da economia brasileira", declarou. Segundo ele, as reduções levarão a relação compulsório/PIB para 8,5%. Em nota, o BC afirmou que o corte dos compulsórios "contribuirá para alongar o perfil de captação do sistema e melhorar a distribuição da liquidez no mercado interbancário".
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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