Na Sabatina Folha/UOL, José Serra (PSDB) chamou o ex-ministro José Dirceu, principal réu do mensalão, de “guru” de Fernando Haddad (PT), seu rival na eleição paulistana. Dirceu começa a ser julgado pelo STF na segunda.
Dirceu é o organizador, guru e ideólogo de Haddad e do PT
SÃO PAULO - José Serra (PSDB) fez ontem nova investida para vincular Fernando Haddad (PT), seu rival na eleição paulistana, ao escândalo do mensalão. Em sabatina Folha/UOL, chamou o ex-ministro José Dirceu, principal réu do processo, de "guru" do petista.
"José Dirceu é o orientador da campanha do Haddad. Ele é o verdadeiro dirigente, organizador, guru, ideólogo de todo esse pessoal, inclusive do Haddad", afirmou Serra.
Ao falar sobre o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que tem alto índice de reprovação, negou ser padrinho do aliado e ter responsabilidade no resultado de sua gestão. No entanto, disse que ela é "boa" e melhor do que a avaliação da população.
Serra evitou ataques diretos ao líder das pesquisas, Celso Russomanno (PRB), mas disse que o adversário "não tem propostas".
Dirceu guru de Haddad
Serra disse que o ex-ministro José Dirceu é "guru" de Fernando Haddad. Ele citou o mensalão e disse não se constranger em falar do caso mesmo tendo um dos réus, o deputado Valdemar Costa Neto (PR), entre seus aliados. "Todo mundo sabe que mensalão é PT. Sinceramente, querer comparar uma eventual influência [de Valdemar] a uma influência do Delúbio, do Zé Dirceu, que é orientador da campanha do Haddad...", afirmou. "Esse aqui [Dirceu] é o verdadeiro dirigente, organizador, guru, ideólogo de todo esse pessoal, inclusive do Haddad." Durante sabatina da Record News e do R7, Haddad chamou de "exploração barata" a fala de Serra e afirmou que conhece Dirceu porque ele é dirigente do PT.
Marta ministra
O candidato criticou a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy (PT)para o Ministério da Cultura, depois da adesão dela à campanha de Haddad. "Demitir uma ministra e nomear outra só para apoiar um candidato eu acho um excesso. Usar o governo como se fosse patrimônio privado é para lá de arcaico."
Imagem de conservador
A colunista Barbara Gancia disse que o candidato assumiu posições conservadoras na eleição presidencial de 2010, quando o aborto se tornou um dos temas da campanha. Serra rechaçou."Estou longe disso", disse.
"A Dilma [Rousseff] foi perguntada se era a favor do aborto e disse que sim. Depois, na campanha, disse que não. Foi cobrada. E quem a cobrou mais foi a mais "prafrentex" da campanha, Marina [Silva]. Não há nada mais conservador e reacionário no Brasil do que o PT."
Renovação no PSDB
Serra negou que sua candidatura tenha impedido um processo de renovação no PSDB paulistano. "Não vejo assim, sinceramente." "Novo, em política não é dado pela idade. É dado pelas ideias, pelo estilo de trabalho. Você pode ter coisas arcaicas levadas por pessoas novas. Os três presidentes brasileiros que acabaram caindo e jogaram o Brasil numa encruzilhada terrível tinham menos de 50 anos: o Jânio, o Jango e o Collor."
Rejeição
Com a mais alta entre os candidatos (46%), o tucano atribuiu o índice ao eleitorado petista. "Fui governador e disputei a eleição presidencial recentemente. Houve uma polarização muito clara. O eleitorado que tem mais preferência pelo PT evidentemente tem que assumir a posição de não votar [em mim]."
Renúncia em 2006
Repetindo que cumprirá o mandato se eleito, o candidato repisou o discurso de que deixou o cargo em 2006 para impedir que o PT ganhasse o governo do Estado. "Pelo panorama que se apresentava, o PT levaria o governo. Fui pressionado a sair. E tive mais votos para governador na cidade do que tive para prefeito."
"Kassab não tem padrinho"
"Kassab assumiu quando saí da prefeitura. Terminou meu mandato e se elegeu com 61% dos votos [em 2008]. Ele é uma individualidade política. Não tem padrinho nem afilhado nessa história."
Reprovação da prefeitura
"Kassab não tem reconhecimento proporcional àquilo que fez", disse o tucano, que atribuiu a reprovação do prefeito à criação do PSD. "Ele entrou no projeto de criação do partido, o que, na percepção do paulistano, equivalia a um pouco se afastar da cidade. Não deixou nada de lado, mas a percepção foi essa."
Relação do Kassab com o PT
Serra ironizou as críticas que o prefeito vem sofrendo da campanha petista. "Só sei o seguinte: o Kassab estava sendo paparicadíssimo pelo Lula. O PT estava louco para ter o Kassab. Essa é que é a realidade. O PT é assim, quando é aliado, não tem oposição. Quando o PT é contra, aí vai todo mundo contra", afirmou.
Russomanno
Apesar de ter evitado críticas diretas ao líder nas pesquisas, Serra disse que não consegue entender as propostas de Russomanno. "Estou fazendo debate de propostas, não ataques. Com o Russomanno, tenho dificuldade porque nem sei direito o que propõe. Ele disse que aumentaria [o efetivo] para 20 mil guardas metropolitanos. Isso custaria mais R$ 1 bilhão e levaria sete, oito anos."
Evangélicos
O candidato assumiu o empenho em se aproximar de igrejas evangélicas, às quais têm visitado com frequência. "Tenho me aproximado de todo tipo de comunidade. Das religiosas e não religiosas. Os evangélicos são uma comunidade importante e muito diversificada."
Choro na missa
"Quando minha mãe estava agonizante, para morrer, minhas tias pediram para o dom Fernando Figueiredo visitá-la. Ele não sabia que ele era minha mãe e nem elas disseram. Ele foi, de Santo Amaro até a Mooca, para consolá-la. Esse é um fato que me emociona."
Ele chorou na sabatina.
"A Privataria Tucana"
Serra chamou de "lixo" o livro que trata de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso. "É uma bandidagem. Menos criativa do que foi o dossiê dos aloprados. Puro banditismo, só isso. Em geral, é coisa petista. O bandido que fez está sob inquérito da Polícia Federal", afirmou.
Ação da Rota
Questionado sobre a ação da Rota que resultou na morte de nove pessoas, Serra apoiou a operação. "A polícia foi reprimir uma reunião e, num enfrentamento armado, matou. Os que reagiram morreram. O ideal é que não tivesse acontecido. Mas vai fazer o quê? Deixar o crime prosperar?"
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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