Parte significativa das
respostas do Palácio do Planalto a tais desafios passou a ser buscada por meio
de uma inflexão ou mudança nos planos da presidente Dilma para as áreas de
infraestrutura: da aposta inicial, centrada nos programas estatais, para o
reconhecimento das limitações de recursos e da ineficiência deles, articulado
com o propósito da atração de investidores e gestores privados internos e
externos. Mudança que envolveu uma superação de fortes e tradicionais resistências,
ideológicas e corporativistas, do petismo e de suas bases no funcionalismo
público. Essa inflexão – bem recebida pelo mercado – expressou-se no anúncio de
ambiciosos projetos a serem lançados em diversas áreas da infraestrutura. Desde
os vinculados aos megaeventos esportivos à frente, como os de expansão do
sistema aeroportuário, até os considerados prioritários para a redução do
enorme custo Brasil, como os dos sistemas ferroviário, portuário e elétrico. E
dois bons passos iniciais na nova direção foram dados na política do transporte
aéreo (com a transferência a con-sórcios sob controle privado dos terminais de
Guarulhos, Viracopos e Brasília) e com a retomada, embora tímida, de concessões
rodoviárias.
Mas a consolidação e a sequência da mudança
estão sendo retardadas ou bloqueadas pelo empenho da presidente Dilma de vincular
ou subordinar os processos de parcerias com a iniciativa privada ao controle
estatal dos consórcios a serem formados. Empenho voluntarista e centralizador
que está travando novas concessões de aeroportos, com a recusa de grandes operadores
internacionais, procurados pelo governo, de participarem de consórcios com tais
restrições. O mesmo empenho intervencionista vem emperrando a abertura dos
portos a investimentos privados, pois as empresas que atuam na área e as que
podem passar a fazê-lo rejeitam o controle dela por mais uma estatal que seria
criada. E ações oficiais de objetivo centralizador semelhante são encaminhadas
no setor elétrico, através da imposição de critérios para renovação das
concessões de grandes empresas estaduais, como a Cemig e a Cesp; que as
subordinariam ao controle federal. Ações que vêm tendo repercussões muito negativas
no conjunto do setor, para os acionistas dessas empresas e até para os da
Eletrobras, bem como contrários à atração de novos investimentos. Prejuízos que
se somam a fortes quedas, aqui e no exterior, da cotação dos papéis da
Petrobras e da Vale do Rio Doce (também decorrentes de intervencionismo estatal
direto e indireto). Tudo isso na contramão da perspectiva, viável e importante
para o país, de um salto nos investimentos em nossa infraestrutura. E dos
próprios planos reeleitorais da presidente.
Jarbas
de Holanda é jornalista
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