Com a divulgação do IBC-Br de setembro, ontem, todos os indicadores que
servem para calcular o PIB do terceiro trimestre ficaram disponíveis para os economistas.
O dado oficial ainda será divulgado pelo IBGE, mas as contas mostram que o
período foi o mais forte em mais de um ano. Ainda assim, 2012 será fraco,
porque o primeiro semestre foi muito ruim.
Depois de cinco altas seguidas, o índice de atividade do Banco Central, o
IBC-Br, caiu 0,5% em setembro. Mas no terceiro trimestre, subiu 1,2%. Desde o
começo de 2011 um aumento tão forte assim não acontecia. A economia brasileira,
aos poucos, parece estar deixando o pior momento para trás.
São vários os indicadores que mostram que o nível de atividade esquentou do
segundo para o terceiro trimestre (vejam no gráfico). A produção industrial
subiu 1%. O varejo vendeu 2,3% a mais, na mesma comparação. O fluxo de
caminhões nas estradas ficou 3% maior, enquanto a expedição de papelão ondulado
- a embalagem das embalagens - cresceu 2,6%. Dos indicadores que servem para
antecipar o resultado do PIB, só caiu o do consumo de energia, mas pouco.
O economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, acha que o terceiro trimestre
será o melhor do ano, mas vê essa recuperação com cautela. Houve muita
antecipação de compra de veículos no período, porque o IPI reduzido tinha prazo
para acabar; além disso, um problema crônico não foi resolvido: a falta de
investimentos.
- O investimento deve fechar o ano com queda de 3%. O consumo também
desacelerou. O segundo semestre está sendo melhor, mas porque o primeiro foi
muito ruim - afirmou.
Sérgio Vale, da MB Associados, também aponta o investimento baixo como uma
das causas para o PIB fraco em 2012, de apenas 1,3%, pela sua projeção. As
exportações não estão ajudando, por causa da retração da demanda mundial. A boa
notícia é que os dois economistas estimam mais crescimento no ano que vem,
entre 3% e 3,5%.
Novos capítulos do drama europeu
As atenções, hoje, estão voltadas para o resultado do PIB da zona do euro do
terceiro trimestre, especialmente para o da Alemanha que, segundo as previsões,
deve desacelerar pela segunda vez seguida, ficando em 0,1%. A principal
economia da Europa está sentindo os efeitos da crise dos vizinhos. Foi ela,
aliás, que puxou para baixo o dado da produção industrial da região, que caiu
2,5% em setembro. Os empresários não investem, porque não veem, na prática, o
que as autoridades europeias dizem nas reuniões: que farão tudo o que for
possível para resolver a crise. A coleção de más notícias só aumenta: a
recessão na Grécia e em Portugal se aprofundou entre julho e setembro; e várias
cidades europeias pararam ontem numa onda de protestos e greves contra os cortes
de gastos e o alto desemprego.
Fonte:
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário