terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aécio cobra posição de Dilma sobre condenação do ex-tesoureiro do PT

• Oposição diz que decisão contra Vaccari significa a condenação do próprio PT

Por Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA — A oposição classificou de condenação do próprio PT a condenação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta segunda-feira que, com a decisão do juiz Sérgio Moro sobre Vaccari, houve a condenação de todo o esquema criado pelo PT para se manter no poder. Aécio ainda cobrou da presidente Dilma Rousseff uma posição sobre Vaccari, afirmando que já na campanha eleitoral de 2014 ela permaneceu em “silêncio” ao ser questionada sobre as investigação envolvendo o tesoureiro do PT.

— É a condenação do primeiro agente político do processo que se chamou de petrolão. Assistimos à condenação de todo esse esquema institucionalizado de corrupção que o PT estabeleceu no país para se manter no poder. Na campanha, o silêncio (da presidente Dilma) foi uma confirmação de que ela confiava, até porque ele permaneceu ainda durante a campanha ocupando cargos da administração federal.

Cabe agora à presidente dizer aos brasileiros se continua confiando no seu João Vaccari, responsável pela arrecadação de parte importante dos recursos que irrigaram a sua campanha, ou se o juiz Moro e a Justiça Federal cometeram com ele uma grande injustiça — disse Aécio, provocando: — Com a palavra, a presidente. É importante que os brasileiros, principalmente os mais jovens, saibam que a lei vale para todos.

Em discurso no Plenário, o senador tucano disse que o silêncio da presidente, na época, funcionou como uma “absolvição precoce” de Vaccari.

— É o início de um processo dramático, traumático para alguns, mas saneador. Esperamos sair disso como um país melhor — afirmou Aécio.

O tucano citou trechos da sentença de Moro para ressaltar que a gravidade maior do esquema é “quando o dinheiro da propina interfere no processo político e democrático”. Aécio voltou a cobrar uma posição mais enfática do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo Dilma em 2014, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sobre as contas da campanha à reeleição da presidente. Ele disse esperar uma decisão do TCU nesta terça-feira.

— Se apoderaram do Estado nacional com um objetivo: se manter no poder. A utopia foi jogada fora. Todos eles se elegeram com o dinheiro da corrupção e da propina. E o mais grave é que roubaram a alma dos brasileiros, a crença das novas gerações na atividade política. Felizmente, temos instituições que funcionam apesar de tudo. Achamos que amanhã, no TCU, poderemos ter o início de uma ação de investigação — disse Aécio.

Em uma crítica aos governantes petistas, Aécio disse que as autoridades não fizeram nada para acabar com o esquema investigado pela Lava-Jato.

— Não foram poucas as oportunidades que o governante de plantão teve de encerrar com esse esquema. Mas nada. O que temos hoje é um governo sitiado, que não pode olhar nos olhos e que roubou aquilo que temos de mais valioso: nossa alma — afirmou.

O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN) também disse que a condenação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT por 15 anos, significa a condenação do próprio PT.

— A condenação de Vaccari é a condenação do próprio PT. A quem ele e suas ações eleitorais serviam? Falta esclarecer o destino do que foi arrecadado pelas práticas, agora julgadas e condenadas — disse Agripino.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que assistiu ao discurso de Aécio, disse que a corrupção compromete o futuro do país.

— Roubo é grave, coisa de bandido. Mas corrupção é roubo do futuro do país, da alma do povo. Por isso, o juiz Moro já está na história do país — disse Cristovam.

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