terça-feira, 22 de setembro de 2015

Conselho do PT critica pacote do governo

• Grupo, que conta com Lula, é formado por filiados e não filiados

Sérgio Roxo - O Globo

- SÃO PAULO- Com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira reunião do Conselho Consultivo do PT, realizada ontem em São Paulo, foi marcada por ataques à política econômica do governo e às últimas medidas da presidente Dilma Rousseff. A posição se confronta com nota divulgada semana passada pelo partido, em apoio ao ajuste, com críticas pontuais.

O conselho é formado, além de Lula, por lideranças do partido, como o prefeito Fernando Haddad ( São Paulo), os governadores Tião Viana ( Acre) e Wellington Dias ( Piauí), e também pessoas que não são filiadas à legenda, como o escritor Fernando Morais e o jornalista Eric Nepomuceno.

Segundo um dos participantes, a maioria criticou o pacote anunciado para reduzir o déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016, em especial as medidas que afetam os trabalhadores. Durante o encontro, foi lembrada a decisão de adiar o reajuste do funcionalismo federal.

— É uma categoria que pode perder a motivação para sair às ruas para defender a presidente se houver um pedido de impeachment — afirmou o integrante do conselho.

Taxar grandes fortunas
Presidente do PT, Rui Falcão reconheceu que houve pedidos de mudanças na política econômica do governo.

— Como o PT já havia diagnosticado, é importante que haja mudanças na política econômica, iniciando com queda da taxa de juros e promovendo mudanças tributárias maiores do que estão propostas.

Segundo Falcão, as propostas dos conselheiros passam por aumentar as taxas “sobre grandes heranças e grandes fortunas”.

— No médio prazo, ( precisa ser feita) uma grande reforma tributária que torne o sistema mais justo. Que os impostos incidam mais sobre a propriedade e a riqueza e menos sobre a produção e os salários — disse o presidente do PT.

Falcão disse que os participantes propuseram que a proposta de volta da CPMF tramite no Congresso como um projeto de lei complementar e não como uma proposta de emenda constitucional ( PEC), que exigiria aprovação de dois terços dos congressistas.

O PT teve problemas para formar o grupo. O ex- governador Tarso Genro, o cientista político André Singer e Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto ( MTST), recusaram o convite para participar. O conselho foi anunciado em junho, como resposta ao ex- presidente Lula, que cobrara a necessidade de a legenda promover uma “revolução interna”.

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