-Folha de S. Paulo
Durante o século 20, quem quer que tenha sido exposto ao cinema americano foi ensinado a acreditar que os EUA eram os adultos do mundo. Os americanos também foram ensinados a acreditar nisso. Na maioria de seus filmes, sempre havia um personagem encarregado de usar sua indiscutível firmeza moral para impor a lei, a justiça e a ordem — não apenas no seu próprio quintal, mas nos outros em que aquela qualidade estivesse em falta.
Em "Casablanca" (1942), Humphey Bogart abre mão da mulher de sua vida, Ingrid Bergman, porque, naquele momento, ela "pertence" ao marido. Em "Matar ou Morrer" (1952), Gary Cooper defende sozinho uma cidade contra a covardia de seus próprios cidadãos. Em "Julgamento em Nuremberg" (1961), Spencer Tracy, o juiz que preside o processo dos nazistas acusados de crimes de guerra, pondera sobre se é possível julgar um indivíduo, um governo ou uma nação. Nestes, e em milhares de outros filmes, o americano é o homem mais justo, sensato, equilibrado – adulto.
Suas mulheres, também. Elas são maduras, tranquilas, corajosas. Compare-as com as "latinas", sempre irritadas; as francesas, infantis; as italianas, amorais. Nunca uma mulher dessas pôde competir com uma americana pela conquista do galã. Em todos os gêneros – filmes de guerra, westerns, dramas –, eram os homens e mulheres americanos que passavam a régua entre o certo e o errado.
Daí que seus presidentes sempre foram interpretados pelos atores mais graves, respeitáveis, de grande postura: Henry Fonda, Fredric March, Franchot Tone, Raymond Massey, Ralph Bellamy, Jason Robards, Burgess Meredith, Gregory Peck, Charlton Heston, Anthony Hopkins, Kenneth Branagh, Daniel Day-Lewis.
Pois, agora, falando em adultos, temos o presidente Donald Trump. Quem, um dia, o viverá na tela? Jim Carrey, você disse?
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