O
Brasil, hoje, nos sufoca de indignação e vergonha
A
pergunta do titulo foi feita pelo jornal El País em recente entrevista com o
bilionário norte-americano Bill
Gates, que há tempos investe parte de sua fortuna em pesquisa científica.
Em 2015, ele alertou que a próxima guerra travada pela humanidade seria contra
um inimigo invisível, um vírus muito infeccioso, que se propagaria pelo ar e
mataria milhões de pessoas. Por isso, era urgente que os países se preparassem
para o combate.
Obviamente, constatamos da pior forma possível que isso não aconteceu. Em pouco mais de um ano, a pandemia já matou dois milhões e meio de pessoas no mundo. Apesar da perda colossal, Gates estima que no começo de 2022 os efeitos mais dramáticos do contágio estarão superados e os países terão de volta algum nível de normalidade, desde que 70% das populações sejam vacinadas.
Ao
ler a entrevista, me fiz a mesma pergunta pensando no Brasil. O ritmo atual da
vacinação não nos autoriza uma perspectiva positiva para o futuro próximo. O
neurocientista Miguel
Nicolelis, sempre objetivo nas suas análises, disse que "começa a ser
real" a possibilidade de não ter Carnaval em 2022. Chegaríamos, portanto,
a dois anos de pandemia, com mais mortes e a população pobre tocando a vida aos
trancos e barrancos.
Como
já alertaram importantes cientistas brasileiros, Bill Gates também adverte que
o tempo está se esgotando para que a humanidade conjugue esforços no
enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas, "muito piores" que
os da pandemia. É um desafio para gigantes, que só pode ser vencido com a
confluência de interesses de governos e mercados e com muito investimento em
ciência.
Décadas de reconstrução democrática prepararam o Brasil para ser uma voz respeitada globalmente em saúde e meio ambiente, temas intimamente relacionados. Sob um governo de gente orgulhosa de sua ignorância, o Brasil, hoje, nos sufoca de indignação e vergonha. Amá-lo tornou-se um martírio doloroso e inútil.
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