Abraçado
ao centrão, Bolsonaro dá rédeas soltas ao imediatismo econômico
Jair
Bolsonaro descobriu o caminho das pedras. Ele até que tentou seguir as
bandeiras de sua campanha eleitoral, na qual rejeitou o
"establishment" político, notadamente o centrão, e afirmou que
governaria com o apoio de frentes parlamentares, em especial o das bancadas BBB
(bíblia, boi e bala).
É
óbvio que não deu certo. Ironicamente, foi uma derrota sua no Congresso, o
generoso auxílio
emergencial de R$ 600, que o fez experimentar as delícias do
populismo. Com a ajuda de emergência, até grupos demográficos que pareciam
bastiões inexpugnáveis do PT passaram a aprovar a gestão do capitão reformado.
Bolsonaro gostou e agora, abraçado ao centrão, dá rédeas soltas ao imediatismo econômico. Acaba de intervir na Petrobras e ameaça fazer o mesmo no setor elétrico, para assegurar preços baixos aos consumidores/eleitores.
O
imediatismo é um dos muitos problemas que assombram as democracias. Pela lógica
imposta por mandatos de quatro anos, sempre vale a pena para o governante sacrificar
o futuro para se dar bem no presente. Como o auxílio emergencial mostrou, é
fácil arrancar aplausos distribuindo benesses.
Os
termos da equação seriam alterados se os mandatos durassem 20 ou 50 anos. Nesse
cenário, responsabilidade fiscal e uma estratégia política baseada em ganhos
incrementais mas constantes ganhariam importância eleitoral. Não recomendo,
porém, o esticamento dos mandatos. Aí perderíamos uma das principais virtudes
da democracia, que é a relativa facilidade com que ela despacha os maus
políticos para casa.
O
sistema só funciona bem quando o "establishment" se convence da
necessidade de preservar o médio e o longo prazos e veta os arroubos populistas
mais escandalosos dos dirigentes de turno. Até pareceu que o Brasil havia
chegado a esse ponto de amadurecimento institucional nos anos FHC, Lula 1 e a
primeira metade de Lula 2, mas, como vimos, era só uma ilusão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário