No
meio do caminho tem duas pedras – Lula e Moro
O ministro Edson Fachin diz que sua decisão de anular as condenações do ex-presidente Lula pela Justiça Federal de Curitiba segue o entendimento adotado pela maioria do Supremo Tribunal Federal há muito tempo. A estar certo, o plenário do tribunal, possivelmente ainda este mês, deverá confirmá-la.
Lula então deixará de ser ficha suja e poderá disputar a eleição presidencial do ano que vem. Um juiz federal de Brasília herdará os processos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia e poderá recomeçá-los aceitando as provas ali reunidas, pedir novas investigações ou simplesmente arquivá-los.
Por
outro lado, se os resultados das pesquisas de intenção de voto divulgadas nos
últimos dias coincidirem com os resultados das pesquisas que o presidente Jair
Bolsonaro encomenda para consumo pessoal, são grandes as chances de o ex-juiz
Sérgio Moro ter sua suspeição aprovada pela Segunda Turma do tribunal.
A
defesa de Lula pediu que Moro seja considerado suspeito porque teria sido
parcial no julgamento do ex-presidente. Por enquanto, o placar na Segunda Turma
está em 2 votos contra 2. Falta votar o ministro Kássio Nunes, indicado por
Bolsonaro para o Supremo. Seu voto levará em conta o que Bolsonaro deseja para
Moro.
O
ex-juiz e o presidente romperam relações quando Moro acusou Bolsonaro de
interferir na Polícia Federal para blindar sua família contra rolos judiciais.
É por causa disso que Bolsonaro responde a inquérito. Desde que saiu do
governo, Moro evitou comentar se poderá ou não ser candidato à vaga do seu
ex-patrão.
Na
primeira pesquisa XP/Ipespe aplicada depois que Lula se tornou elegível, ele e
Bolsonaro estão empatados na simulação do primeiro turno e Moro aparece em
terceiro lugar. Lula e Bolsonaro voltam a empatar na simulação do segundo
turno. Mas quando o cenário é Bolsonaro x Moro, o ex-juiz vence. E aí? Vai
encarar?
Mas
esqueça as intenções de voto a 20 meses das urnas. A eleição de 2022 será um
plebiscito sobre o presidente, segundo o sociólogo Antonio Lavareda, que
comanda o Ipespe. E os indicadores, hoje, são muito ruins para Bolsonaro, e só
têm feito piorar desde janeiro com o agravamento da pandemia da Covid.
Falta vacina.
63%
dos brasileiros veem a economia no rumo errado, contra 27% que dizem que ela
está no rumo certo. O saldo negativo passou de 27% em fevereiro para 36% agora.
61% avaliam como ruim ou péssima a atuação de Bolsonaro na pandemia, só 18%
como ótima ou boa. O saldo negativo saltou de 30% para 43%.
45%
avaliam como ruim ou péssimo o governo em geral – o maior percentual da série
de pesquisas de junho para cá. Ótimo e bom, 30%. O saldo recuou neste mês de –
11% para – 15%. Por fim, 52% querem que o futuro presidente mude totalmente a
forma como o Brasil está sendo administrado, e 15% que dê continuidade.
Enfrentar Lula já não será moleza para Bolsonaro. Enfrentar Lula pela esquerda e Moro pela centro-direita será desastre quase certo.
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