Bolsonaro
é um convicto defensor da ditadura, da censura aos meios de comunicação,
do fechamento do STF e do Congresso Nacional
Jair Bolsonaro é a maior ameaça ao Brasil. E não é de hoje. Atacou as instituições e propagou o ódio durante três décadas. Não foi levado a sério.
A leniência do Estado democrático de Direito cobrou um alto preço. Assim como os nazistas que usaram da Constituição de Weimar para chegar ao poder e, a posteriori, destruir seus postulados, Bolsonaro seguiu pelo mesmo caminho. Se tivesse sido processado pelas falas inconstitucionais poderia – a probabilidade era alta – terminar na cadeia e sem direitos políticos. Contudo foi tratado como um falastrão quando era, na verdade, um inimigo visceral das liberdades democráticas.
Hoje continua o mesmo. A diferença — e que diferença! — é que está comandando o Executivo federal com todos os poderes concedidos pela Constituição. E o presidencialismo brasileiro acaba amarrando as mãos dos cidadãos mesmo quando há um governo que comete sucessivos crimes de responsabilidade. Enquanto no parlamentarismo quando o gabinete perde sustentação parlamentar é substituído por outro governo, no presidencialismo resta a processo de impeachment que é relativamente lento, tanto no caso de crime de responsabilidade (como com Fernando Collor e Dilma Rousseff) ou infração penal comum (o que nunca ocorreu até hoje).
Disse
recentemente o senador Tasso Jereissati que “é preciso parar esse cara.” Poucos
discordam. Mas como parar se o próprio senador é contra o processo de impeachment? É descartada
possibilidade de que Bolsonaro se converta à democracia. Para ele — e sua
história demonstra isso de forma inequívoca – não há nenhum caminho de Damasco.
Bolsonaro é um convicto defensor da ditadura, da censura aos meios de
comunicação, do fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.
Nesse sentido ele é absolutamente transparente. Volto à questão: parar como,
senador? Estimular que ele renuncie? É improvável que vá aceitar. Só pensaria
nesta possibilidade se visse ameaçado seus direitos políticos em um processo de
impeachment.
Esta crise é a mais complexa da história republicana. Em 1992 e 2016 tivemos a conjunção de crise econômica com crise política. Aí veio o impeachment. Agora temos um fator complicador e ausente nas crises anteriores: o isolamento diplomático. Mas o pior é a segunda diferença: a pandemia que completou um ano e nada indica que deva estar encerrada nos próximos meses. Continuar assistindo a derrocada do governo sem nada fazer é um crime de lesa-pátria. Sem ação política Bolsonaro vai caminhar para a ditadura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário