- O Globo
Se não convenceu boa parte do público,
pode-se dizer que o depoimento de Eduardo Pazuello funcionou em pelo menos um
universo: os grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram. Entre esses
seguidores, a decisão de não usar o habeas corpus fornecido pelo STF para ficar calado e
até confrontar os senadores em alguns momentos fez sucesso.
Ao longo de todo o depoimento, as listas
pró-Bolsonaro no WhatsApp foram inundadas com mensagens que indicavam a
narrativa a ser reproduzida nas redes. “A primeira farsa dos opositores caiu
hoje. Apostaram no silêncio, mas o ministro veio preparado e falou muito”,
disse um dos textos disseminados nas redes. “O ex-ministro Pazuello está destruindo
todas as narrativas fabricadas contra o governo federal naquele circo que está
acontecendo no Senado”, diz outra mensagem.
Para o zap bolsonarista, Pazuello – que várias vezes se referiu às declarações e ordens de Bolsonaro durante a pandemia como "coisa de Internet" – “detonou” senadores acusados de corrupção e "provou" que o governo não tem responsabilidade pela tragédia pandêmica.
Solidários ao ex-ministro várias vezes
chamado de "herói", muitas postagens diziam ter sido um ultraje até
mesmo a convocação do general, que esteve à frente do Ministério da Saúde no
período em que morreram mais da metade das 445 mil vítimas da Covid-19 no
Brasil.
“Humilhante para o general Pazuello, um
homem sério, ser sabatinado por esses crápulas!”, desabafou um bolsonarista em
um grupo do Telegram. “Quero deixar minha indignação aqui com essa CPI. Estão a
todo o momento denegrindo (sic) a imagem do ministro Pazuello e do nosso
presidente”, escreveu uma apoiadora.
O fato de Pazuello blindar completamente o
presidente da República de qualquer responsabilidade pelo fracasso na pandemia
também pesou a favor do ex-ministro nas redes. Para os seguidores, o general
foi um “guerreiro” que defendeu Bolsonaro de conspiradores.
Dentre eles, o mais atacado foi o relator
da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), mas também sobrou para o presidente da
CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e outros parlamentares.
“General Pazuello, um oficial general
extremamente bem preparado, conseguiu com sua exposição dos fatos, relacionados
à sua atuação como Ministro da Saúde, provocar um golpe certeiro nas armações e
manipulações de Renan Calheiros ao longo da CPI”, disse uma mensagem assinada
por um suposto comandante militar.
No Telegram, cada vez mais frequentado por
bolsonaristas, uma lista de apoiadores de Eduardo Pazuello foi criada na tarde
de quinta-feira, enquanto ele falava à CPI.
Setenta pessoas já aderiram e passaram a receber artes e cards com as inscrições #Somos Todos Pazuello e ilustrações já com visual de campanha eleitoral. Até o agravamento da pandemia sacá-lo do cargo, Pazuello cogitava concorrer ao governo de Roraima ou do Amazonas. O grupo também criou um perfil no Instagram para homenageá-lo.
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