- Folha de S. Paulo
Para bater Bolsonaro e Lula, pedetista
testa campanha 'contra tudo o que está aí'
No início da semana, Ciro Gomes (PDT)
chamou Lula de "o maior corruptor da história". Dias depois, publicou
um vídeo em que diz que a corrupção "apenas se escondeu melhor" no
governo Jair Bolsonaro. Em sua quarta corrida ao Planalto, o ex-ministro tenta
encaixar um
discurso para confrontar tanto o petista como o atual presidente.
Ciro testa as águas de uma campanha "contra tudo o que está aí". Nas mensagens que tem divulgado em entrevistas e publicações em redes sociais, ele ensaia uma retórica de indignação generalizada, fala de distorções de governos passados e explora o fantasma da corrupção para tentar fragilizar, de uma só vez, seus dois principais concorrentes.
O pedetista faz uma aposta arriscada.
Identificado com plataformas de esquerda, o ex-ministro do governo Lula enxerga
o petista em posição dominante nesse segmento do eleitorado, historicamente
ligado ao PT. Seus aliados entendem, com isso, que a única maneira de chegar ao
segundo turno é
eliminar Bolsonaro.
Como a esquerda parece congestionada, Ciro
trabalha para enfraquecer e substituir Bolsonaro nas demais fatias da
população. O problema do ex-ministro é que, na direita, suas ideias
dificilmente terão aderência suficiente para impulsioná-lo até o segundo turno,
mesmo que o atual governo esteja desgastado.
Se outro candidato com uma plataforma mais
palatável estiver na corrida, o pedetista fica para trás. Por isso, aliados de
Ciro buscam convencer o
pelotão de políticos que reivindicam o rótulo de centro a abandonar a
disputa para apoiá-lo. Ainda que ele seja ungido, eleitores desse lado do
espectro podem preferir votar em Bolsonaro para derrotar Lula.
Caso vá ao segundo turno, Ciro ainda enfrentaria o desafio de bater o petista num confronto direto. Ele precisaria trabalhar para aumentar a rejeição a Lula e contar com uma atração quase universal de eleitores que escolherem outros nomes no primeiro turno. O pedetista chegará ao fim de 2022 em crise de identidade ou com as chaves do Planalto
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