Blog do Noblat / Metrópoles
Haveria recursos se o Festival de Jazz do
Capão, na Bahia, se apresentasse como fascista e contra a democracia?
O Festival de Jazz do Capão, que acontece
há 10 anos na Chapada Diamantina, na Bahia, foi impedido de captar recursos
pela Lei Rouanet. O motivo? Muito simples.
Deve-se, segundo parecer da Fundação Nacional
das Artes (Funarte), a uma publicação feita pela página oficial do evento no
Facebook em 1º de junho de 2020.
Ali, como moldura de um cartaz, está
escrito: “Festival antifascista e pela democracia”. Se estivesse escrito
“Festival fascista e contra a democracia”, haveria recursos para a realização
do evento?
Quando André Mendonça, indicado pelo
presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, era
ministro da Justiça, houve o caso de um dossiê sobre policiais antifascistas.
Deu um grande rolo que foi parar no Supremo. Se os ditos policiais fossem fascistas, tudo bem? Desde quando ser antifascista é crime? Assim como não é ser comunista ou anticomunista.
O parecer da Funarte sobre o festival de
jazz diz que poderia haver “desvio de objeto e risco à malversação do recurso
público incentivado com propositura de indevido uso do mesmo”.
Entendeu? Nem eu. Para Tiago Tao, produtor
executivo do festival que conta com o apoio da Rouanet há três anos, a não
aprovação tem base ideológica:
“O
documento não é um parecer técnico, pois não há qualquer menção à programação.
E a gente sabe que o governo usa argumentos de teor ideológico que beiram à
bizarrice”.
O secretário de Incentivo e Fomento à
Cultura, André Porciúncula, comemorou a decisão:
“Quer brincar de fazer evento político/ideológico?
Então faça com dinheiro privado. A cultura não ficará refém do palanque
político/partidário, ela será devolvida ao homem comum”.
A censura é burra, sempre foi. Em 1976, no
12º ano da ditadura militar, ela proibiu a exibição da peça “Romeu e Julieta”,
encenada pelo Ballet Bolshoi, que seria transmitida pela TV Globo.
Armando Falcão, o ministro da Justiça,
afirmou que o Bolshoi, por ser uma companhia russa, poderia apresentar uma
leitura comunista da tragédia de Shakespeare.
O último caso de censura oficial ocorreu em
1986, um ano depois do fim da ditadura. A pedido da Igreja, foi proibida a
exibição do filme “Je Vous Salue Marie”, do diretor francês Jean-Luc Godard.
Está próxima a hora da verdade para os
irmãos Miranda
A Polícia Federal vai querer saber: a
conversa que os dois tiveram com Bolsonaro foi gravada ou não?
E aí? Os irmãos Miranda, Luis, deputado, e
Luis Ricardo, servidor do Ministério da Saúde, gravaram ou não a conversa que
tiveram em 20 de março último com o presidente Jair Bolsonaro sobre a compra
superfaturada da vacina indiana Covaxin?
Em entrevista, ontem, ao programa Roda
Viva, da TV Cultura de São Paulo, Miranda, o deputado, repetiu que não gravou
conversa alguma, e que se seu irmão gravou, só ele sabe – como se ele, que joga
em dupla com o irmão, não soubesse.
Mas a hora da verdade para os dois está
chegando depois que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se
Bolsonaro prevaricou ou não. Se ele ouviu o que lhe contaram os irmãos Miranda
e não tomou providências, prevaricou.
A Polícia Federal não está mais interessada
em conferir se o encontro aconteceu ou não. O próprio Bolsonaro confessou que
aconteceu. Mas certamente interrogará os irmãos Miranda sobre a existência ou
não de uma gravação. Se mentirem, estarão ferrados.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) diz que a gravação existe, é de 50 minutos, foi exibida a um grupo de parlamentares e complica muita gente. Será mais um campeão de audiência quando se tornar pública.
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