terça-feira, 13 de julho de 2021

Ricardo Noblat - Falta dinheiro da Lei Rouanet para festival de jazz antifascista

Blog do Noblat / Metrópoles

Haveria recursos se o Festival de Jazz do Capão, na Bahia, se apresentasse como fascista e contra a democracia?

O Festival de Jazz do Capão, que acontece há 10 anos na Chapada Diamantina, na Bahia, foi impedido de captar recursos pela Lei Rouanet. O motivo? Muito simples.

Deve-se, segundo parecer da Fundação Nacional das Artes (Funarte), a uma publicação feita pela página oficial do evento no Facebook em 1º de junho de 2020.

Ali, como moldura de um cartaz, está escrito: “Festival antifascista e pela democracia”. Se estivesse escrito “Festival fascista e contra a democracia”, haveria recursos para a realização do evento?

Quando André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, era ministro da Justiça, houve o caso de um dossiê sobre policiais antifascistas.

Deu um grande rolo que foi parar no Supremo. Se os ditos policiais fossem fascistas, tudo bem? Desde quando ser antifascista é crime? Assim como não é ser comunista ou anticomunista.

O parecer da Funarte sobre o festival de jazz diz que poderia haver “desvio de objeto e risco à malversação do recurso público incentivado com propositura de indevido uso do mesmo”.

Entendeu? Nem eu. Para Tiago Tao, produtor executivo do festival que conta com o apoio da Rouanet há três anos, a não aprovação tem base ideológica:

 “O documento não é um parecer técnico, pois não há qualquer menção à programação. E a gente sabe que o governo usa argumentos de teor ideológico que beiram à bizarrice”.

O secretário de Incentivo e Fomento à Cultura, André Porciúncula, comemorou a decisão:

“Quer brincar de fazer evento político/ideológico? Então faça com dinheiro privado. A cultura não ficará refém do palanque político/partidário, ela será devolvida ao homem comum”.

A censura é burra, sempre foi. Em 1976, no 12º ano da ditadura militar, ela proibiu a exibição da peça “Romeu e Julieta”, encenada pelo Ballet Bolshoi, que seria transmitida pela TV Globo.

Armando Falcão, o ministro da Justiça, afirmou que o Bolshoi, por ser uma companhia russa, poderia apresentar uma leitura comunista da tragédia de Shakespeare.

O último caso de censura oficial ocorreu em 1986, um ano depois do fim da ditadura. A pedido da Igreja, foi proibida a exibição do filme “Je Vous Salue Marie”, do diretor francês Jean-Luc Godard.

Está próxima a hora da verdade para os irmãos Miranda

A Polícia Federal vai querer saber: a conversa que os dois tiveram com Bolsonaro foi gravada ou não?

E aí? Os irmãos Miranda, Luis, deputado, e Luis Ricardo, servidor do Ministério da Saúde, gravaram ou não a conversa que tiveram em 20 de março último com o presidente Jair Bolsonaro sobre a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin?

Em entrevista, ontem, ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, Miranda, o deputado, repetiu que não gravou conversa alguma, e que se seu irmão gravou, só ele sabe – como se ele, que joga em dupla com o irmão, não soubesse.

Mas a hora da verdade para os dois está chegando depois que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se Bolsonaro prevaricou ou não. Se ele ouviu o que lhe contaram os irmãos Miranda e não tomou providências, prevaricou.

A Polícia Federal não está mais interessada em conferir se o encontro aconteceu ou não. O próprio Bolsonaro confessou que aconteceu. Mas certamente interrogará os irmãos Miranda sobre a existência ou não de uma gravação. Se mentirem, estarão ferrados.

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) diz que a gravação existe, é de 50 minutos, foi exibida a um grupo de parlamentares e complica muita gente. Será mais um campeão de audiência quando se tornar pública.

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