O afastamento do Ex-presidente Jair
Bolsonaro do Executivo ainda não se faz sentir na melhoria das relações
políticas uma vez que o Congresso Nacional está prisioneiro de forças mais
extremadas a Direita que colocam a República e a Democracia numa crise
constante. Além disso, não podemos colocar todos os nossos esforços políticos
no aguardo de ações do Supremo Tribunal Federal uma vez que poderemos
despolitizar ainda mais o nosso cenário político.
O sistema partidário brasileiro está se reestruturando pela via conservadora da “cláusula de desempenho” que, em todas as eleições gerais, vai “afunilando” o número de agremiações partidárias com representação no Congresso Nacional. O Governo se for entendido como parte de uma Frente Democrática, precisa de uma base partidária ampla para isolar as forças políticas alinhadas ao bolsonarismo. Tudo se deve fazer pela via de um debate programático das forças políticas do campo democrático que ainda se apresentam reféns de cálculos eleitorais em vistas das próximas eleições municipais.
Na verdade, a postura das lideranças
partidárias em 2023 ainda não assimilaram as amarguras do que foram as
manifestações de 2013. A postura reativa de muitas lideranças do campo que
considero ser uma Frente de Unidade Popular se deu pela fragmentação do debate
político universal através de movimentos identitários. Muitas vezes o “Lugar de
Fala” tem calado o diálogo pela via democrática e os partidos se deixam levar
pelo “populismo eleitoreiro”.
Ao mesmo tempo, a sociedade brasileira com
sua natureza “barroca” na política reage com outro identitarismo que tem seu
eixo na mobilização política dos grupos religiosos evangélicos e no
neoconservadorismo católico. Mesmo assim, depois da fusão do PSC ao PODEMOS,
somente o DC do folclórico Eymael que mantém o nome cristão em sua sigla
partidária. Sugerimos que os valores cristãos modulam o conservadorismo na
política pela via mobilização de sujeitos políticos espalhados em um mosaico
partidário. Entretanto, as fusões partidárias e as Federações podem se ativer a
essa situação como uma oportunidade para melhor levar o debate da República e
da Democracia para muitos militantes das camadas subalternas que emergem dos
núcleos religiosos.
Fazer uma política de Frente Democrática no
redesenho do sistema partidário brasileiro nos impõe a dialogar com as forças
conservadoras para impedir sua captura para os setores mais extremados da
Direita. A natureza política da Frente proposta pela cultura política do PCB na
luta pela derrota política da Ditadura Militar e seu autoritarismo na sociedade
sempre foi nunca vetar as demais forças políticas que tenham interesse em estar
em aliança. Sejam liberais ou até conservadores uma vez que estamos numa
situação política desfavorável a Democracia na sociedade e muito menos na
representação parlamentar.
Podemos sempre fazer muito mais pela Democracia.
Podemos sempre contribuir no processo de reforma moral e intelectual das novas
lideranças partidárias e na organização da militância política ao centro
através de cursos de formação política. Podemos ousar muito mais com todas as
siglas dispostas a votar nos pontos positivos do atual Governo e devemos já
mobilizar nossos esforços para que tenhamos um Seminário em Defesa da
Democracia com todos dessa Frente nos municípios com mais de 100 mil
habitantes.
*Mestre em Sociologia pelo CPDA-UFRRJ
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