domingo, 7 de abril de 2024

Eliane Cantanhêde – Fé em que?

O Estado de S. Paulo

Petrobras: o que vem aí, passado ou futuro, liberdade ou intervencionismo?

O presidente Lula chamou Jean Paul Prates nesta segunda-feira para uma “conversa definitiva”, como exigia o próprio Prates, mas ele já é considerado passado. O que interessa, e não só ao mercado, é o futuro da Petrobras e o que ele desvenda sobre a política econômica e sobre o governo daqui em diante. Afinal, Lula quer continuar a olhar para trás, ou vai aproveitar a troca na principal empresa do País para olhar para frente?

O fim do PSDB é melancólico, constrangedor. E o que projetar para o PT, seu antagonista durante décadas, até o bólido bolsonarista atropelar os dois? 

Aloizio Mercadante na Petrobras lembra Dilma Rousseff no Banco dos Brics e Guido Mantega na Vale: falta de renovação, compensação para “cumpanheiros” e volta ao passado, em diferentes sentidos.

Mercadante, ponte direta com Lula, dispensa padrinhos e neutraliza a guerra entre Rui Costa, Fernando Haddad e Alexandre Silveira, único fora do PT, e passou ileso por mensalões e petrolões. Ele, porém, foi assessor econômico de Lula no PT durante décadas, mas foi preterido para a Economia nos três mandatos de Lula e duas vezes por Dilma. Na visão do mercado, não exatamente por suas qualidades…

A queda de Prates e a ascensão de Mercadante gera dúvidas: quem vem aí, um velho petista intervencionista, estatizante, encharcado de preconceitos contra o mercado, como Lula se assume? Sua passagem de quase um ano e meio pelo BNDES – um canhão poderoso – não dá pistas. Alguém sabe o que tem sido feito por lá?

Muita coisa boa deve estar acontecendo, mas ninguém sabe, ninguém viu. De Saúde, só se fala de dengue, covid, pouca oferta de vacina e menos ainda de demanda. Na Educação, Camilo Santana é do Ceará, que ganha prêmios nessa área, mas pouco se fala além da mudança nas mudanças do ensino médio. E o “ministério do Bolsa Família”? Os três são, ou eram, uma grande marca do PT.

A queda da popularidade não é por uma crise, um grande problema, mas pelo conjunto da obra: falas de Lula sobre Maduro, Putin, gastos, estatais, mercado; desconhecimento sobre o que ministros e ministérios andam fazendo; velhas guerras palacianas e petistas; ataques especulativos a Haddad, que fechou 2023 como estrela, mas parece não ter entrado ainda em 2024.

Juntem-se a isso inflação de alimentos e força da oposição na internet e conclui-se: o slogan “Fé no Brasil”, Lula sair por aí falando em Deus e milagres e uma reforma ministerial – principalmente atingindo mulheres – não vão melhorar a imagem de Lula e seu governo. A solução não está no marketing e no passado, está na política, na gestão e no foco no futuro.

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