Brasil precisa reagir com
sobriedade diante de tarifaço
O Globo
Motivada por Bolsonaro e big
techs, ação de Trump é injustificável, mas busca de solução exige serenidade
A confirmação nesta
quarta-feira das ameaças feitas por Donald
Trump contra a economia e o Judiciário do Brasil causa profunda
perplexidade. Como parece hoje ser a marca do governo americano, houve dois
movimentos em sentidos opostos: reduziu o alvo da tarifa adicional de 40%,
isentando dela centenas de produtos, e radicalizou a perseguição ao ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes, enquadrando-o na Lei Magnitsky, que o expõe a sanções
financeiras. Nas justificativas, dois comunicados, um da Casa Branca e outro do
secretário de Estado, Marco Rubio, fazem menção ao julgamento de Jair Bolsonaro
e aos interesses das big techs.
Por certo, 30 de julho de 2025 terá destaque funesto na história das relações entre as duas nações amigas. Empreendedores e trabalhadores de empresas com vendas de produtos nos Estados Unidos serão as grandes vítimas. O tamanho do aumento das tarifas, mesmo com as isenções, é um dos maiores aplicados a uma democracia amiga até o momento e pode inviabilizar exportações em uma série de setores. Com isso, é provável que provoque queda de receita e demissões. Fatias do mercado americano arduamente conquistadas durante anos desaparecerão de uma hora para outra. É verdade que a extensão das consequências foi limitada pela lista de 694 exceções, que inclui petróleo, aviões e suco de laranja, e isso foi um alívio. Esses produtos respondem por cerca de 43% das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Mas a lista manteve a tarifa adicional para vários segmentos em que o Brasil é competitivo, como o de carnes, café e frutas. Perto do que se temia no início do mês, o estrago até que foi menor. Ainda assim, provocará muito prejuízo. Por isso é essencial nos próximos dias e semanas tentar aumentar o número de produtos isentos da sobretaxa.
Ante a agressão tarifária e
a tentativa de intimidação do Judiciário, as autoridades brasileiras devem
reagir com sobriedade. Retaliações tendem a piorar a situação num primeiro
momento. É preciso apostar na possibilidade de que uma hora a poeira baixará e
será possível dar início a negociações objetivas. A crise demanda a defesa da
soberania brasileira naquilo que é inegociável e também uma boa dose de
pragmatismo. Discursos inflamados e respostas impensadas servirão apenas para
atrasar o entendimento. Como também o prazo para a entrada em vigor da tarifa é
de sete dias, o Brasil deve correr contra o relógio. Há bons argumentos, uma
vez que os fatos desmentem as acusações de Trump e Rubio. A nota do presidente
americano afirma que integrantes “do governo do Brasil tomaram medidas que
interferem na economia dos Estados Unidos, infringem os direitos de livre
expressão dos cidadãos americanos, violam os direitos humanos e minam o
interesse dos Estados Unidos em proteger seus cidadãos e empresas”.
Ora, basta andar pelas ruas
de qualquer metrópole brasileira para perceber quanto o Brasil faz bem à
economia dos Estados Unidos. Carros de marcas americanas são vistos por todos
os lados. Situação semelhante se repete em farmácias, supermercados e lojas. É
uma relação ganha-ganha. As companhias trazem investimentos, tecnologia e
produtos de qualidade, e os consumidores brasileiros retribuem tirando dinheiro
do bolso — não raramente na forma de cartões de crédito com bandeiras
americanas.
Fora do mercado voltado para
o consumidor final, também há uma série de destaques. Em setores como
agronegócio, energia, metalurgia, seguros e financeiro, empresas americanas têm
negócios de grande porte no Brasil. Tudo somado, elas respondem por cerca de um
terço do estoque de investimentos estrangeiros. Isso explica por que os Estados
Unidos foram, na última década, o segundo destino de lucros e dividendos
enviados daqui. Um dos maiores mercados consumidores do mundo, o Brasil é ótimo
para a economia americana. O resultado da balança comercial, favorável aos
Estados Unidos, é mais uma evidência. É preciso acreditar que, em algum
momento, Trump será convencido dessa realidade.
Por enquanto, ele tem
privilegiado os interesses de apenas um setor, o das big techs, contrariado por
decisões judiciais brasileiras para que se responsabilizem pelos crimes e
abusos tão comuns nas suas plataformas. Na seção que abre o comunicado com a imposição
da sobretaxa de 40%, Trump dedicou três parágrafos para proteger as plataformas
digitais. “Ações judiciais, tomadas sob o pretexto de combater a
‘desinformação’, as ‘notícias falsas’ ou os conteúdos ‘antidemocráticos’ ou ‘de
ódio’, colocam em perigo a economia dos Estados Unidos ao coagir de forma
tirânica e arbitrária as empresas americanas a censurar o discurso político”,
diz. Não é verdade. O STF não tem, nem quer ter jurisdição sobre os Estados
Unidos, o que seria delirante. Quando pede a derrubada de algum post de redes
sociais por violações a leis brasileiras, quer impedir a sua circulação apenas
no Brasil. E ao estabelecer recentemente limites às big techs, o STF cumpriu
sua missão de proteger a Constituição.
A fúria de Trump direcionada
à Corte motivada por Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo é outra questão
indefensável. “O governo brasileiro acusou Bolsonaro injustamente de vários
crimes relacionados” ao segundo turno das eleições de 2022, e o STF “decidiu,
equivocadamente, que Bolsonaro deve ser julgado por essas acusações criminais
injustificadas”, diz o presidente americano. Ora, Jair Bolsonaro está sendo
julgado, com amplo direito de defesa, porque realizou encontros com chefes das
Forças Armadas e pediu apoio para um golpe de Estado. O próprio Bolsonaro
reconheceu ter participado das reuniões após depoimento à polícia dos
ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica. O ex-número dois da
Secretaria-Geral da Presidência, o general da reserva Mário Fernandes, admitiu
ser o autor do documento conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, com o plano
para matar Luiz Inácio Lula da
Silva, Geraldo Alckmin e Moraes. É um disparate usar a defesa dos direitos
humanos como pretexto para perseguir Moraes e criticar o Supremo da segunda
maior democracia das Américas. Não há perseguição nem cerceamento à liberdade.
Brasil e Estados Unidos têm
um longo histórico de amizade e cooperação em diferentes áreas, inclusive na
militar, com tropas dos dois países lutando lado a lado na Segunda Guerra
Mundial. Com paciência e determinação, o desentendimento poderá ter pouca duração.
São muitas as razões para pacificar os ânimos. Acima de tudo, porque Brasil e
Estados Unidos têm múltiplos interesses mútuos. Uma maior abertura da economia
brasileira faria bem à nossa competitividade e às exportações americanas. A
exploração de minérios críticos é outro segmento que pode ser promissor, se
beneficiar os dois lados. O crucial agora é manter a calma e dar início a
negociações.
Tarifaço foi
aquém do previsto, mas é preciso diversificar mercados
Valor Econômico
A razia
tarifária de Trump, mesmo para os produtos com taxação mínima de 10%, torna a
necessidade de diversificação de mercados ainda mais urgente
Em um ato marcadamente político, o presidente Donald Trump, via
ordem executiva, decretou tarifas de 50% sobre a maior parte das exportações
brasileiras para os Estados Unidos. Além disso, o Tesouro americano enquadrou,
de forma arbitrária, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na
Lei Magnitsky, cujas sanções incluem o bloqueio de todos os bens e
investimentos do ministro no país — Moraes declarou não ter nenhum. A lista de
elevação tarifária, se chegou antes do prazo de 1 de agosto, foi seletiva e
menos severa do que as ameaças faziam prever. Pelos cálculos da Câmara
Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a lista de exceções
engloba 694 produtos, que representam US$ 18,4 bilhões exportados em 2024 —
43,4% do total de US$ 42,3 bilhões. Carnes e café, do qual os EUA dependem
muito de importações do Brasil, receberão a tarifa punitiva total.
A emergência nacional relatada por Trump em praticamente todos
os parágrafos da ordem executiva estão baseadas em argumentos políticos,
tangencialmente econômicos, e contestam atos legítimos de instituições
brasileiras relacionados a assuntos internos do país. São argumentos falsos.
Entre as violações apontadas por Trump estão as de que membros do governo
brasileiro “interferiram na economia dos EUA, infringiram direitos de livre
expressão de cidadãos americanos, violaram direitos humanos” e promoveram “perseguição
política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O presidente americano, ao contrário do Judiciário brasileiro,
já deu sentença peremptória sobre as acusações feitas contra Bolsonaro por
tentativa de golpe de Estado, em processo legal com amplo direito de defesa,
classificando-as de “injustificadas”. Entre os demais argumentos, entram as big
techs, que estariam sendo “tirânica e arbitrariamente” coagidas a “censurar o
discurso político, entregar dados sensíveis dos EUA e mudar sua política de
moderação de conteúdo”.
O blecaute negocial imposto ao governo brasileiro, com a recusa
em responder a cartas e pedidos oficiais de entendimento, correspondeu a uma
condenação a priori. Mesmo para os padrões personalistas das ações de Trump, os
EUA não trataram nenhum dos países aos quais impôs tarifas com semelhante
dureza — muito menos aqueles com os quais têm superávit e não déficit
comercial, o pretexto para sua guerra tarifária mundial. O Brasil recebeu a
pior punição de todos os que receberão “tarifas recíprocas”.
Trump quis dar uma demonstração de força contra a maior economia
da América Latina, governada por um presidente com políticas divergentes das do
republicano e que participa com a China, inimiga número um do governo
americano, do bloco dos Brics, potencial polo de atração para uma alternativa
geopolítica ao poderio dos EUA.
Movimentações de empresários brasileiros e americanos, e algum
realismo oficial em relação à essencialidade de produtos brasileiros para o
mercado americano, levaram, porém, a uma dosagem da punição. Dos cinco
principais produtos vendidos pelo Brasil aos EUA, só o café teve sua alíquota
de importação majorada a 50% — petróleo, semiacabados de ferro e aço, aeronaves
e derivados de petróleo continuarão pagando 10%, o que se tornou, sob Trump, o
pedágio mínimo para ingresso no maior mercado do mundo.
Dessa forma, esses produtos brasileiros terão mais vantagens de
ingresso do que a maioria dos países emergentes perseguidos pela taxação
“recíproca”, como Índia e nações do Sudeste Asiático (Tailândia, Indonésia,
Filipinas, Malásia, Vietnã, Laos e Camboja, com taxação entre 19% e 49%), e
também alguns dos maiores parceiros comerciais dos EUA, como Canadá, que pagará
25%, México (30%), Japão (25%) e União Europeia (15%).
Ninguém sairá ganhando com a guerra comercial, embora Trump
julgue que possa ser vitorioso. A economia americana encerrou o semestre com
crescimento de 1,1%, significativamente abaixo dos 2,9% do último semestre do
ano passado. O crescimento de 3% no segundo trimestre foi ilusão estatística,
como foi o negativo 0,5% no primeiro, distorcidos pelas enormes compras
antecipatórias feitas antes da vigência das tarifas. Os efeitos sobre a
inflação, que começaram a se manifestar em junho, deverão ganhar intensidade a
partir de agora, quando se encerra a trégua decidida por Trump — só a China tem
mais prazo para negociar com os EUA.
A economia americana vai desacelerar, sem entrar em recessão, e
a inflação, segundo analistas, deverá encostar nos 3% ou mais, devido ao
aumento das tarifas. Com isso os juros demorarão mais a cair. Ontem, o Fed (o
banco central americano), vilipendiado por Trump e coagido a baixar juros, os
manteve entre 4,35% e 4,5%.
O governo brasileiro armou um plano de contingência para
socorrer os setores afetados, cuja magnitude agora será revista para baixo, o
que não desobriga, dados os recorrentes déficits fiscais, de oferecer auxílios
com data certa para acabar, foco nos setores mais prejudicados e ênfase na
manutenção dos empregos. A razia tarifária de Trump, mesmo para os produtos com
taxação mínima de 10%, torna a necessidade de diversificação de mercados mais
urgente ainda.
Eduardo Bolsonaro, inimigo
do Brasil
Folha de S. Paulo
- Deputado eleito por SP faz de tudo para
defender a própria família, sem se importar com interesses nacionais
- Uma crise complexa dessa envergadura não
tem um único culpado, mas ninguém está mais associado a ela do que o filho
do ex-presidente
O deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP)
transformou-se em inimigo do Brasil. Perdido no labirinto de seus delírios, ele
faz de tudo para defender a própria família e não se importa de mandar às favas
os interesses nacionais.
Em seu horizonte desponta um
único propósito: livrar o pai da cadeia. Como se sabe, tramita no Supremo
Tribunal Federal (STF)
o processo em que Jair
Bolsonaro (PL) responde por tentativa de golpe contra as instituições
democráticas, entre outros crimes.
Eduardo não demonstra
pudores nesse mister. Tal qual um bufão aos pés de trono estrangeiro, adula o
presidente Donald Trump e,
alheio aos abusos cometidos contra sua própria pátria, comemorou o tarifaço de
50% que o americano prometeu impor ao Brasil se o Supremo não arquivasse o
julgamento de Bolsonaro.
Após tal chantagem, que
revela ignorância quanto à separação de Poderes que fundamenta as democracias
modernas, o republicano decretou taxação
de 50% sobre apenas parte das exportações brasileiras nesta quarta
(30).
Um tarifaço pleno ameaçaria
bem mais a economia do Brasil, já que 9.500 empresas enviam produtos para
os Estados
Unidos e 30 setores direcionam para lá pelo menos um quarto de suas
exportações —as quais, no ano passado, montaram a US$ 20,3 bilhões.
São Paulo,
estado que Eduardo deveria representar se honrasse seu mandato, sofreria de
forma especial. O governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos)
estimou impacto que poderia variar de 0,3% a 2,7% do PIB, com 44 mil a 120 mil
empregos a menos.
Tarcísio, que a princípio
hesitou diante da inaceitável chantagem de Trump, passou a procurar maneiras de
atenuar os prejuízos. Outros governadores, como Ratinho Junior (PSD), do
Paraná, também adotaram iniciativas nesse sentido —e, por óbvio, não fizeram
mais que a obrigação.
E o que fez Eduardo? Disparou
críticas contra eles, como se tentar proteger a população brasileira
constituísse um defeito, não uma qualidade. Logo se vê que o deputado fugitivo
inverteu a escala de valores e não consegue mais distinguir o certo do errado.
Nesse mundo de ilusões, ele
considerou apropriado, por exemplo, misturar bravata com retórica miliciana
para dizer que Hugo Motta (Republicanos-PB)
e Davi
Alcolumbre (União-AP), respectivamente presidentes da Câmara
dos Deputados e do Senado, podem
sofrer sanções americanas se não agirem em prol de Jair Bolsonaro.
Para piorar, disse que
atuará contra a comitiva de senadores que foi aos EUA com a missão de conter a
taxação de produtos brasileiros. "Eu trabalho para que eles não encontrem
diálogo", afirmou em entrevista ao SBT News.
De todo modo, a sombra do
tarifaço já afetou diversos setores. Uma crise tão complexa nunca tem um único
culpado, mas ninguém
está mais associado a ela do que Eduardo Bolsonaro —cuja estratégia
delirante, como se evidencia a cada dia, mais atrapalha do que ajuda seu pai.
Ditadura chavista ganha
fôlego com ajuda de Trump
- Após fraudar eleição, Maduro se
fortalece com esvaziamento da oposição e presentes do republicano
- A ascensão ao poder de um populista de
direita nos EUA deveria complicar a situação do chavismo, mas isso só
ocorreu no marketing
O crime compensa. Tal
proposição é verdadeira no caso dos crimes eleitorais cometidos na Venezuela.
A ditadura de Nicolás
Maduro fraudou descaradamente o pleito presidencial de julho de 2024
e, agora, está colhendo frutos.
De fato, a eleição do ano
passado não foi a primeira em que o chavismo se valeu de manipulações e
falseamento de resultados, mas foi
aquela em que o fez de modo mais explícito. Mesmo um aliado de longa data,
como Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não pôde se posicionar plenamente a favor
do regime, o que fez esfriar as relações entre os vizinhos.
Vários outros países
protestaram contra a fraude, mas não foram muito além de sinalizações
políticas. A verdade é que, exceto em situações extremas, não há muito que o
mundo possa fazer quando uma nação descamba no autoritarismo —sanções
econômicas no geral prejudicam mais a população do que autoridades.
Assim, a ditadura
venezuelana está hoje mais consolidada do que estava um ano atrás.
A oposição saiu bastante
machucada do pleito. Prisões, seguidas ou não de libertações, vêm ocorrendo
diuturnamente, criando
um ambiente de terror. O candidato adversário, Edmundo
González, que recebeu mais votos do que Maduro, está no exílio em
Madri. María
Corina Machado, principal líder oposicionista, vive escondida no país.
A população perdeu
disposição para protestar e até para votar. No mais recente pleito, o chavismo
levou 285 de 335 prefeituras. Boa parte dos políticos oposicionistas nem se
sequer se candidatou, enquanto boa parte dos eleitores não compareceu às urnas.
A maior surpresa, contudo,
foram os Estados
Unidos sob Donald Trump.
Pela lógica, a ascensão de um presidente populista de direita deveria complicar
a situação do chavismo. Mas isso só ocorreu no marketing.
Os EUA acabam de anunciar
uma recompensa de US$ 25 milhões para quem fornecer informações que levem à
prisão de Maduro, por seu envolvimento com narcotráfico. Na prática, porém, as
ações concretas do governo Trump ajudam a ditadura.
A Casa Branca autorizou a
petroleira Chevron a voltar a operar na Venezuela em sociedade com a estatal
PDVSA, ajudando, assim, a encher os cofres do regime.
E não só. Os cortes na ajuda
externa que os EUA davam a outros países reduzirão drasticamente os orçamentos
de organizações de direitos
humanos e de jornalismo independente que monitoram abusos de
ditaduras.
São dois grandes presentes de Trump para Maduro.
Podia ser pior
O Estado de S. Paulo
Há sinais de que a montanha
de tarifas dos EUA contra o Brasil esteja parindo um rato. Mas o País deve
manter o sangue-frio e o espírito aberto, sem bravatas. De irresponsável, basta
Trump
O presidente dos EUA, Donald
Trump, cumpriu sua ameaça e sobretaxou em 40% diversos produtos exportados pelo
Brasil. Essa tarifa se soma aos 10% que já estavam em vigor desde abril,
perfazendo um total de 50%. Assim, o Brasil se torna o segundo país mais
castigado pelo tarifaço de Trump, só atrás da China, mesmo sendo deficitário no
comércio com os EUA.
Podia ser pior. O prazo
fixado por Trump para a entrada em vigor do tarifaço, 1.º de agosto, foi
postergado para o dia 6, o que abre uma janela para negociações. Ademais, quase
700 itens ficaram de fora da taxação, reduzindo drasticamente seu alcance. Isso
significa que, provavelmente, o governo Trump foi sensível a demandas de
empresários americanos que seriam afetados pela imensa barreira aos insumos
brasileiros que eles usam para sua produção.
Portanto, há sinais de que a
montanha esteja parindo um rato, desfecho mais ou menos esperado diante dos
conhecidos recuos de Trump no que diz respeito à imposição de tarifas. Ainda
assim, dado que o presidente americano justificou sua ordem executiva não com
argumentos comerciais, mas como forma de reprimenda ao Judiciário brasileiro em
razão dos processos contra Jair Bolsonaro e contra as empresas americanas que
administram redes sociais, estamos no terreno do imponderável.
Fosse uma questão meramente
comercial, as negociações obedeceriam a alguma lógica racional. Cede-se aqui e
ali e, afinal, chega-se a um acordo que possa ser tido como razoável por todos.
Mesmo considerando a truculência americana, notável em relação a muitos países,
inclusive aliados dos EUA, hoje pode-se dizer que há brechas para obter de
Trump algum alívio nas barreiras.
O caso brasileiro, contudo,
é bem mais complexo. Por razões que ainda estão por ser esclarecidas, Trump
escolheu o Brasil como um alvo especial. É provavelmente o único país que está
sendo castigado pelos EUA por questões que nada têm a ver com comércio nem com
decisões de governo, e sim por ações do Judiciário. Nesse sentido, as barreiras
anunciadas contra o Brasil podem ser perfeitamente qualificadas como sanções.
Ou seja, o Brasil está sendo
punido porque seu Judiciário contrariou interesses particulares de Trump, que
ele qualifica como interesses nacionais. Na ordem executiva que impôs as
tarifas ao País, Trump malandramente atribuiu a “membros do governo do Brasil”
a tomada de “ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária
empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de
plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas
políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias,
processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado
brasileiro”. Ora, como se sabe, nenhuma dessas “ações sem precedentes” foi
tomada pelo governo, e sim pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E contra todas
elas cabe recurso.
É natural intuir que os
processos contra Bolsonaro tenham sido decisivos para que o presidente
americano declarasse guerra comercial ao Brasil. Isso ficou ainda mais claro
com a decisão de Trump, tomada também hoje, de castigar o ministro Alexandre de
Moraes, relator desses processos no STF, com uma lei americana que serve para
punir qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, que esteja envolvida em
abusos de direitos humanos e corrupção.
Essa lei foi aplicada poucas
vezes desde sua adoção, em 2012. Os alvos foram chineses envolvidos em
repressão contra dissidentes, agentes sauditas que mataram um jornalista e
autoridades nicaraguenses que perseguem opositores, além de integrantes da notória
ditadura venezuelana. Ou seja, nada nem remotamente parecido com os processos
que Moraes relata nem com suas decisões contra Bolsonaro ou contra as big
techs – algumas delas questionáveis, mas que não podem ser equiparadas
a violações de direitos humanos.
Sabendo-se que Trump faz
interpretações elásticas das leis para atingir seus objetivos, não se deve
comemorar o aparente recuo em relação às tarifas contra o Brasil, pois nada do
que vale hoje pode valer amanhã. Assim, nesse contexto, o País deve manter o
sangue-frio e continuar a negociar com espírito aberto, sem bravatas. De
irresponsável, basta Trump.
Alimentar Gaza é imperativo
moral
O Estado de S. Paulo
Israel precisa vencer o
Hamas sem perder sua alma. Evitar a fome de civis é um dever humanitário – e
medida necessária para reverter o isolamento do país e desmoralizar a
propaganda jihadista
Gaza está faminta. E
enquanto a catástrofe se alastra, o debate diplomático afunda-se em
recriminações mútuas, obstruções burocráticas e cálculos políticos que deixam a
desumanidade se sobrepor à razão.
O Hamas é o maior
responsável pela tragédia palestina. Foi ele que desencadeou essa guerra. É ele
que, desde então, age para maximizar o sofrimento do seu próprio povo,
instrumentalizando-o como arma política. Há semanas os terroristas bloqueiam
negociações de cessar-fogo, sabotam comboios de ajuda e, agora, incitam
apoiadores a atacar, nas redes, esforços internacionais de socorro. A fome em
Gaza é sua última cartada para terminar a guerra em seus termos. Mas se o mundo
não pode esperar racionalidade nem humanidade dos jihadistas, deve cobrá-las
dos atores que conservam algum grau de legitimidade e poder real de ação.
A situação calamitosa não é
“fake news”, como alegam porta-vozes de Israel – trata-se de uma tragédia com
contornos documentados e reconhecidos por aliados como os EUA e o Reino Unido.
Ao revisar suas políticas, o próprio governo de Israel admite isso. Depois de
tentar substituir o sistema de distribuição da ONU por hubs controlados
– iniciativa que fracassou em termos logísticos, humanitários e diplomáticos –,
o governo autorizou “pausas táticas” diárias em partes de Gaza, ampliou
corredores humanitários, autorizou lançamentos aéreos de alimentos e voltou a
permitir a entrada de caminhões via fronteira egípcia. Avanços relevantes, mas
ainda insuficientes diante da escala da emergência.
O principal erro estratégico
de Israel foi acreditar que poderia derrotar o Hamas estrangulando Gaza. Entre
março e maio, a ajuda foi virtualmente bloqueada. A expectativa era de que a
pressão máxima levaria o Hamas à rendição. Mas o agravamento da crise
humanitária, ao contrário, fortaleceu a narrativa de vitimização do grupo,
aumentou a pressão internacional sobre Israel, enfraqueceu suas alianças e não
produziu concessões tangíveis. Ao apostar na fome como instrumento de guerra –
mesmo que indiretamente –, Israel cometeu um erro moral e político atroz.
A melhor forma de minar a
estratégia do Hamas é romper sua equação: a fome em Gaza é uma vitória moral
para o Hamas. Isso exige uma guinada completa. De imediato, é urgente
intensificar massivamente os lançamentos aéreos de alimentos. Além disso,
Israel precisará abrir pontos de entrada disponíveis, eliminar entraves
burocráticos e aceitar auxílio logístico de países árabes dispostos a agir,
como a Jordânia ou os Emirados Árabes. A relutância em colaborar com agências
internacionais ou permitir a entrada de jornalistas está corroendo a imagem
global do país – e, portanto, sua legitimidade para combater o Hamas.
A ONU, por sua vez, tem
falhado em garantir segurança mínima para os comboios e em responder com
agilidade às mudanças no terreno. Também precisa flexibilizar seus protocolos e
aceitar parcerias operacionais que não comprometam sua neutralidade.
Quanto aos países árabes, é
preciso distinguir entre os que atuam e os que se limitam à retórica. A questão
palestina não será resolvida com postagens inflamadas ou votos simbólicos na
ONU. É hora de demonstrar compromisso real com a vida dos civis em Gaza.
O mesmo vale para os aliados
de Israel no Ocidente. O governo dos EUA, ao admitir que há “fome real” em
Gaza, deu um passo. Mas precisa ir além de declarações. É hora de redirecionar
esforços para canais mais eficazes do que os atuais. Outras democracias
liberais podem exercer pressão coordenada – e proporcional – por soluções para
a crise alimentar.
Conter o colapso humanitário
não é só um dever ético. É um imperativo estratégico. Quanto mais durar a fome,
mais Israel se isola, mais o Hamas se fortalece politicamente e mais distante
se torna qualquer perspectiva de paz ou reconstrução para Gaza. Nenhuma vitória
militar compensará a perda da razão moral. E nenhuma democracia pode se dar ao
luxo de perdê-la.
O tempo está se esgotando.
Que não falte comida onde já falta tudo o mais.
Para Maluf, o crime
compensou
O Estado de S. Paulo
Acordo com a família do
ex-prefeito não apaga a demora para punir um notório corrupto
O Ministério Público de São
Paulo (MP-SP) firmou um acordo de não persecução cível com familiares do
notório Paulo Maluf, de 93 anos. Pelo pacto, R$ 210 milhões deverão voltar aos
cofres da Prefeitura da capital paulista a título de indenização pelo desvio de
vultosos recursos públicos pelo ex-prefeito entre 1993 e 1996, período em que
ele administrou a metrópole. Foi um negócio e tanto para “Doutor Paulo” e seus
herdeiros.
Estima-se que Maluf tenha
desviado US$ 300 milhões – o equivalente a cerca de R$ 1,7 bilhão – em
contratos superfaturados com empreiteiras responsáveis pela construção do Túnel
Ayrton Senna e da Av. Água Espraiada, hoje Av. Jornalista Roberto Marinho. Passados
quase 30 anos, a cidade de São Paulo só conseguiu recuperar pouco mais da
metade do dinheiro surrupiado (US$ 160 milhões). Portanto, o acordo firmado há
poucos dias entre o MP-SP e os filhos, uma ex-nora e um ex-genro do ex-prefeito
foi uma pechincha para o clã Maluf.
Uma Justiça que tarda e não
provê à sociedade uma reparação à altura do dano causado por seus inimigos é
uma Justiça falha. A longa vida de crimes do sr. Maluf, resta evidente, foi
ricamente recompensada pela incompetência do Estado para reaver em tempo razoável
o volume descomunal de dinheiro que esse cidadão, descaradamente, desviou dos
cofres paulistanos.
No que concerne à sua
responsabilização penal, Maluf também não tem do que se queixar da generosidade
do Estado. O ex-prefeito só foi condenado em definitivo por aqueles desvios
pelo Supremo Tribunal Federal em 2017, passando a cumprir pena de prisão – em
regime domiciliar, dadas sua idade e condição de saúde – a partir de 2018.
Quatro anos depois, o ex-prefeito foi beneficiado com a extinção da pena por um
indulto natalino assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro – uma espécie de
Maluf piorado.
O caso Maluf, às raias da
caricatura, é a epítome de um vício crônico da Justiça brasileira: a sua
inadmissível morosidade. Não há como ignorar que um dos maiores escândalos de
corrupção da história recente da capital paulista termina com uma punição branda,
tardia e, em última análise, ineficaz. É óbvio que a indenização de R$ 210
milhões é melhor do que nada – sobretudo se o prefeito Ricardo Nunes souber
empregá-la de modo a resolver ou mitigar os muitos problemas da cidade que ele
administra. Mas isso é uma fração do que Maluf se serviu à custa dos
contribuintes, razão pela qual não cabe qualquer tipo de contentamento por esse
acordo.
Por mais que a indenização
possa ser reconhecida, com muita boa vontade, como um avanço institucional
possível, ela chega tarde demais e em valor que não corresponde à gravidade do
crime nem ao prejuízo causado à sociedade paulistana. Nesse sentido, o legado
de Maluf é menos o de um político habilidoso e realizador, como seus defensores
ainda hoje insistem em sustentar, e mais o de um símbolo de corrupção e de
leniência estatal.
Em que pesem seus benefícios, esse acordo de não persecução cível é o retrato de um Estado que claudica para punir com rigor poderosos que traem seus mandatos, quando estes deveriam ser enfrentados com ainda mais firmeza.
Gaza faminta e distante da
paz
Correio Braziliense
Parece ganhar força uma
pressão para que Israel adote medidas que, de fato, amenizem a epidemia de fome
em Gaza. Não há dúvidas, porém, dos prejuízos a longo prazo em acometidos por
desastres humanitários
Principal palco da guerra
entre Israel e o grupo terrorista Hamas, Gaza chegou ao nível mais alto de fome
possível, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e especialistas em
segurança alimentar. Passados quase dois anos do início do confronto, o cenário
tende a entrar na lista dos piores desastres humanitários da história — a
exemplo da combinação de guerra e seca que afetou metade dos habitantes do
Sudão do Sul em 2017 e, 25 anos antes, matou 300 mil pessoas na Somália. Com
uma diferença crucial: o enredo de agora tem no comando um estado
democrático.
A apatia de aliados
ocidentais, portanto, preocupa, e a cobrança por uma reação internacional é
mais do que necessária. Nesta semana, parece ganhar força uma pressão para que
Israel adote medidas que, de fato, amenizem a epidemia de fome em Gaza. Na terça-feira,
o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que, seguindo decisão da
França, o Reino Unido reconhecerá o Estado palestino em setembro caso os
palestinos sigam sob "sofrimento terrível". No mesmo dia, documento
divulgado pela ONU e assinado por vários países, entre eles o Brasil, defende
que a solução de dois Estados é o "único caminho" para a paz.
Na véspera, dois respeitados
grupos de direitos humanos israelenses — B'Tselem e Physicians for Human Rights
— divulgaram relatórios distintos sustentando que há um genocídio em curso
contra o povo palestino. Estima-se que um em cada três moradores da Faixa de
Gaza está há dias sem comer e que o número de mortos ultrapassa 60 mil desde o
início da guerra. As declarações inéditas vieram com a cobrança de que aliados
ocidentais têm o dever legal e moral de impedir a matança no conclave.
Ao Correio, Shai Parnes,
diretor de Divulgação Pública da B'Tselem, detalhou o modus operandi do crime
humanitário. "Genocídio não é apenas um assassinato em massa de um grupo.
Genocídio é a destruição de um grupo, de forma que ele não mais possa funcionar
enquanto grupo", afirmou, exemplificando a destruição de escolas e
hospitais. Não faltam imagens revelando que Gaza é terra arrasada. Mapeamento
recente do Centro de Sistemas de Informação Geográfica da Universidade Hebraica
indica que em torno de 70% das estruturas estão inabitáveis.
Israel, por sua vez, nega
que palestinos estejam morrendo de fome na região. No domingo, o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a acusação é "mentira
descarada" — a despeito das imagens de crianças cadavéricas que se
espalham pelas redes — e voltou a acusar o Hamas de dificultar a entrada de
ajuda humanitária. Ainda que haja roubos e outros impedimentos por parte do
grupo terrorista, não deve recair sobre os civis o ônus do confronto. É crime
de guerra, inclusive, toda e qualquer violação aos direitos humanos.
Contrariando Netanyahu,
Donald Trump reconheceu, nesta segunda-feira, que "há fome real" em
Gaza. "Eu vejo isso, não dá para fabricar", enfatizou, em uma
declaração que aumentou a esperança por um desfecho civilizatório à crise. Há
de se considerar, porém, a postura mais oscilante adotada pelo republicano
desde que voltou à Casa Branca. Mês passado, por exemplo, ele criticou o que
chamou de "caça às bruxas" ao premiê aliado, considerado, à época,
"o maior guerreiro de Israel".
Há quem diga que o morde e assopra recorrente é estratégia para que as forças de segurança sigam avançando. Outros avaliam que Netanyahu faz um jogo perigoso com Trump e coloca a relação histórica entre as potências em risco e, consequentemente, a empreitada em Gaza. A história, porém, não deixa dúvidas dos prejuízos a longo prazo em populações acometidas por desastres humanitários. Ainda que uma trégua seja de fato instalada no conclave, os sobreviventes estão longe da paz.
O
tarifaço de Donald Trump contra o Brasil
O
Povo (CE)
O
melhor a fazer agora é agir com calma, porém com firmeza, respeitando o limite
traçado pelo chanceler Mauro Vieira, de respeito à soberania brasileira
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu antecipar o anúncio do tarifaço sobre
os produtos brasileiros, que deveria ocorrer no dia 1º de agosto.
Para
manter sua fama de “imprevisível”, com a qual ameaça aliados históricos dos
Estados Unidos mundo afora, o presidente americano assinou ontem o decreto com
taxa de 50% para as mercadorias que os EUA importam do Brasil.
O
anúncio causou surpresa a quem esperava uma ação dura de Trump, pois cerca
de 700 produtos ficarão isentos da sobretaxa. Entre essas
mercadorias isentas estão o suco de laranja, castanha, celulose, petróleo e
aviões. Café e carne, dois produtos importantes para o Brasil, não entraram na
lista de isenções. Será necessária uma avaliação mais profunda para avaliar o
impacto na economia brasileira e cearense.
Também
foi adiada para o dia 6/8 a data para entrar em vigor a nova tarifa, o que
poderá ensejar a continuidade das negociações. E, nesse período, as
mercadorias poderão continuar entrando nos EUA sem a sobretaxa.
Tanto
a lista de isenções quanto o adiamento para a tarifa entrar em vigor, podem ser
considerados recuos de Trump, muito possivelmente devido a pressões
internas, abrindo uma brecha para negociações.
Também
no dia de ontem, ao mesmo tempo, houve uma ofensiva americana contra o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O governo dos EUA usou
a Lei Magnitsky, impondo-lhe sanções financeiras, em clara afronta
ao Judiciário e à soberania brasileira. Essa lei foi criada para ser usada
contra criminosos e violadores dos direitos humanos, portanto, ilegalmente
aplicada contra Moraes.
Nesse
redemoinho, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira,
reuniu-se em Washington com o secretário de Estado americano, Marco
Rubio. Ao fim do encontro, Vieira reafirmou a disposição para o
diálogo, mas rechaçou qualquer tipo de interferência na soberania brasileira.
Apesar
dos arreganhos, Donald Trump parece deixar algumas brechas para negociação. É
um bom sinal para o Brasil que, em vez da prometida bomba atômica,
tenha sido disparado um artefato menos destrutivo, mas nem por isso isento de
causar grandes danos, principalmente porque manuseado por mãos irresponsáveis,
com auxílio da família Bolsonaro,
Portanto,
o melhor a fazer agora é agir com calma, porém com firmeza, respeitando o
limite traçado pelo chanceler Mauro Vieira.
Lamente-se que alguns políticos brasileiros, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), queiram capitular à chantagem de Trump, propondo usar a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como peça na negociação sobre tarifas, uma violação à soberania brasileira.
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