Após mais de um mês de julgamento, o escândalo do mensalão virou tema de campanha em São Paulo. O tucano José Serra mencionou o caso na TV e fez críticas ao PT. O petista Fernando Haddad reagiu acusando Serra de baixar o nível da campanha.
Serra fala do mensalão na TV, e Haddad reclama de "provocação"
Tucano critica pronunciamento de Dilma; Marta estreia na campanha do PT
Leonardo Guandeline, Silvia Amorim
SÃO PAULO O escândalo do mensalão esquentou a eleição em São Paulo ontem. Em seu programa de rádio e TV, o candidato do PSDB à prefeitura, José Serra, mencionou, pela primeira vez, o caso que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O candidato do PT, Fernando Haddad, reagiu acusando Serra de baixar o nível da campanha.
- Não adianta dizer que faz o bem, agindo mal. Eu falo isso porque São Paulo e o Brasil estão vendo o STF julgar o mensalão, mandando para a cadeia um jeito nefasto, maléfico de fazer política - disse Serra, que está empatado tecnicamente nas pesquisas com Haddad.
O petista classificou como "provocação" a estratégia de Serra, e disse que o tucano deveria usar a TV para explicar por que a gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) é mal avaliada:
- Não vou responder a esse tipo de provocação porque não vai contribuir para o debate. Em vez de justificar o legado que estão deixando para a cidade, ele parte para uma ofensiva pessoal que não vai levar a nada e não diz respeito à nossa candidatura.
Serra critica pronunciamento de Dilma
Serra também classificou de "política eleitoral" o pronunciamento feito pela presidente Dilma Rousseff, na véspera, em cadeia nacional de rádio e TV. Durante anúncio de corte de 16,2% na tarifa de energia elétrica residencial a partir do ano que vem, Dilma criticou as concessões durante o governo Fernando Henrique Cardoso e bateu duro contra os bancos.
- Ela está usando a cadeia nacional para fazer política eleitoral. Isso não é novidade. O PT sempre usou dessa prática. Ela fazer campanha eleitoral é normal, faz parte do jogo. Agora, usar a cadeia nacional para fazer política eleitoral está muito errado - ressaltou o tucano.
Serra esteve ontem no bairro da Liberdade, no Centro de São Paulo, reunido com lideranças de movimentos por moradias populares. Durante discurso para 700 pessoas, criticou Haddad, dizendo que as promessas de campanha do petista no horário eleitoral são "delírios digitais", em alusão aos efeitos especiais utilizados:
- Campanha não é mercado para vender ilusões. Não é ficar apresentando efeitos especiais de internet, com tecnologia digital.
Em sua estreia ontem na eleição em São Paulo, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ofuscou Haddad numa carreata na periferia da Zona Sul da cidade. Em quase duas horas de percurso entre ruas e vielas com esgoto a céu aberto e moradias irregulares, Marta atraiu a atenção dos eleitores. Foi a primeira vez que os dois apareceram juntos nesta eleição.
- É notável o carinho que as pessoas têm por ela. Marta tem aqui o prestígio que o Lula tem em muitos rincões do Brasil - comentou Haddad.
Marta entrou na eleição depois de uma conversa com o ex-presidente Lula. De cima de um veículo aberto, a ex-prefeita e o ex-ministro acenaram e pediram voto. À senadora, mães pediam que segurasse seus filhos para fazer fotos. Um outro eleitor aproximou-se de Haddad, já durante a carreata, e estendeu-lhe a mão. Não era um cumprimento, mas um pedido para que entregasse a Marta um papel para ela autografar. Haddad atendeu. Eleitores chegaram a se confundir a respeito de quem é o candidato petista.
- Você vai vencer, Marta - disse um rapaz, no fim da carreata.
Hoje está prevista outra carreata com Marta.
FONTE: O GLOBO
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