O preço das refeições em Brasília é o segundo mais alto do Brasil, atrás apenas de Belém (PA). Em um ano, o preço da alimentação em restaurantes subiu 41,5%. Um prato completo custa, em média, R$ 32,23.
Comer fora de casa é um prato indigesto
Flávia Maia
Os gastos com alimentação abocanham cada vez mais o orçamento das famílias dos moradores do Distrito Federal. A alta nos preços de frutas e verduras começa a impactar não só a feira doméstica. Quem precisa comer fora de casa também sente no bolso o reflexo desse aumento. O gasto médio do brasiliense com o almoço em um restaurante é de R$ 32,23, incluído o prato principal, a bebida, a sobremesa e o cafezinho. O valor é o segundo maior do Brasil, ficando atrás de Belém apenas por uma diferença irrisória de R$ 0,14. Na capital paraense, é preciso desembolsar R$ 32,37 para fazer uma refeição. Os números são de uma pesquisa do Instituto Análise que foi encomendada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert).
Em Brasília, na pesquisa divulgada no ano passado, o preço médio da refeição era R$ 22,77. Este ano, ficou 41,5% mais cara e, em relação a média nacional, subiu 17,6%. Essa escalada reflete, além do impacto provocado pelos fenômenos climáticos e pragas na agricultura, a pressão exercida sobre os preços pelos valores cobrados por aluguéis e outros custos operacionais dos restaurantes.
O tomate, é um exemplo, subiu 59,5% na Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa) entre março e abril, de R$ 3,73 para R$ 5,95. Nos supermercados, o custo é de R$ 10. A alta se deve às chuvas inconstantes e à mosca branca que tem afetado as plantações de tomate em Goiás. Quando o fruto fica mais caro, os industrializados que o usam como insumo sobem e com isso, o custo da refeição também vai às alturas. "O problema de Brasília é que ela é uma cidade de consumo e de pouca produção. Tudo é trazido de fora, por isso, ela sente tanto os problemas de outros locais", explica Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio).
Os representantes de entidades, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) seccional DF, lembram que Brasília é pressionada pelo alto custo da mão de obra e do metro quadrado. O presidente da Abrasel-DF, Jaime Recena, não acredita que a pesquisa condiza com o mercado de Brasília. Ele admite os custos operacionais mais altos do que em outros locais do Brasil, mas acredita que a capital tem diversidade de serviços de restaurantes. "Não vejo Brasília como o segundo lugar mais caro, mas, sim, como o segundo polo gastronômico, com a maior variedade. É possível encontrar refeições de R$ 10 a R$ 200", afirma.
Alcioni Ricardo Peruzzo, 35 anos, é proprietário de um restaurante de Brasília e explica que é difícil manter os preços. "Temos dificuldades com a alta carga tributária e a inflação de alimentos, aluguéis e mão de obra. Procuramos segurar ao máximo os valores". Entre 2012 e o início desse ano, ele acrescentou cerca de 15% aos preços de seus produtos. "Chega uma hora que modificar o cardápio é inevitável."
O economista do núcleo de análise de preços da Companhia de Planejamento do Distrito Federal Newton Marques analisa que o ganho real do salário mínimo e a alta do combustível também influenciam no preço das refeições. "Se o governo não tivesse desonerado os impostos sobre alguns itens da cesta básica, o preço dos alimentos estaria ainda mais alto", analisa.
Fonte: Correio Braziliense
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