Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico
BELO HORIZONTE - Em campanha para a presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reuniu-se na manhã de sexta-feira com o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Foi, segundo o parlamentar, apenas um encontro de caráter pessoal, já que o PT resiste a sua candidatura na Câmara e articula um candidato próprio.
"Eu fiz uma visita de cortesia [a Pimentel], como tenho feito a todos os lugares que eu vou. Visito o atual governador e se houver um governador eleito, visito também. Foi uma visita que eu não quis dar uma conotação política, de caráter pessoal mesmo, até porque a posição dele em relação ao partido dele, a gente entende a situação", disse Cunha, após a reunião, ao chegar a um hotel de Belo Horizonte onde se encontrou com deputados que o apoiam.
Além da conversa com governador eleito, Cunha também esteve pela manhã com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) e, depois, com o atual governador de Minas, Alberto Pinto Coelho (PP).
O deputado, que oficialmente teve sua candidatura lançada no início de novembro, já percorreu quase todos os Estados do país para angariar apoio de governadores e das bancadas e para, conforme diz, construir propostas consensuais com os governos estaduais. Depois de Minas, ele segue para Vitória (ES) e na semana que vem planeja ir a São Paulo.
Cunha liderou posições contrárias aos interesses do Palácio do Planalto durante este primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), mas conta agora, conforme disse, com o apoio do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP).
"Ele está apoiando. Na medida que o Michel constatou que não é uma candidatura de oposição ao governo, e não o é, ele ficou com a candidatura do PMDB", disse.
Na visita a Minas Gerais, Cunha repisou seu discurso de que não é um candidato de oposição. "Não sou candidato da oposição, nem pretendo exercer a presidência como oposição", disse ele, acrescentando depois que, eleito, defenderá a independência dos parlamentares em relação ao Planalto.
O próximo presidente da Câmara terá de lidar com ao menos dois temas espinhosos para o Planalto: um eventual pedido de impeachment que possa surgir contra Dilma em função das denúncias de corrupção na Petrobras e a abertura de uma nova comissão mista parlamentar de inquérito também sobre o tema.
Sobre o impeachment, Cunha disse, a jornalistas: "Não existe isso. Isso é utopia. Não dá para falar uma coisas dessas sobre quem acabou de se eleger legitimamente pelo voto da maioria da população". Sobre uma CPMI, afirmou que desde o começo acreditava que CPMI morreria no momento que houver delações premiadas. E acrescentou: "Conhecidas as delações, acharei inevitável ter uma outra CPMI".
Perguntado sobre a postura que espera de Dilma em relação à disputa da Câmara, o deputado disse esperar que "ela entenda" que essa é um assunto do Parlamento, não do governo. "Não é uma questão de governo. Acho que não tem de haver de ninguém qualquer tipo de intromissão que não seja dos parlamentares".
Cunha preferiu não listar os partidos que com os quais ele conta para se eleger, mas mencionou o Solidariedade e o PSC. No grupo do parlamentar, a expectativa é que o DEM anuncie apoio a ele na próxima semana. Ele disse não ao ser perguntado se o senador por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) - candidato derrotado à Presidência da República - havia oferecido seu apoio a ele.
Na reunião com deputados e lideranças políticas mineiras - a maioria deles do PMDB -, Cunha recebeu o apoio do vice-governador eleito de Minas, Antonio Andrade (PMDB) e do ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT). Para o petista, Cunha "sabe dialogar" e "sabe fazer a grande política". E criticou seu partido ao dizer que uma parcela de petistas "cria alguns moinhos de vento para sair esgrimindo contra aqueles que não representam guerra". Guimarães não tem mais cargo eletivo. Seu filho, Gabriel Guimarães, que estava com ele, foi eleito este ano para mais um mandato como deputado federal.
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